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Real e recessão levam Brasil a ter uma das maiores quedas de importação do mundo


Sexta-feira, 8 de abril de 2016 - 05h40

Em 2015, a redução foi de 25,2%, colocando o País na 25a. posição entre os principais mercados importadores. No ano passado, o Brasil somou compras de US$179,00 bilhões, inferior ao da Polônia ou Turquia.

Os dados foram apresentados hoje pela Organização Mundial do Comércio (OMC) que aponta que a contração deve continuar em 2016. "Quando a economia desacelera, um indicador é a redução de compras. No caso do Brasil, essa queda foi significativa", indicou Roberto Azevedo, diretor da OMC.

Robert Koopman, economista chefe da OMC, indicou que a contração pode continuar. Na América Latina, a queda da produção foi de 1,0% em 2015. Mas deve se aprofundar para uma retração de 1,7% em 2016.

Entre as 30 maiores economias do mundo, apenas a Rússia registrou uma contração de compras superior às do Brasil, com queda de 37,0%. Moscou, porém, vive ainda sob o embargo da União Europeia (UE) e dos EUA por conta dos conflitos na Ucrânia.

Com a contração na economia brasileira, o impacto foi sentido pelo setor industrial e por consumidores que deixaram de importar nos mesmos níveis dos últimos anos. A desvalorização do real ainda pesou, obrigando setores a substituir produtos importados por nacionais.

Em 2013 e 2014, o Brasil aparecia na 21a posição entre os maiores importadores, ainda que uma contração de 5,0% já começava a ser sentida no ano da Copa do Mundo. Com a queda de quatro lugares no ranking da OMC, o País já é ameaçado por Malásia e Arábia Saudita.

Segundo a OMC, a situação brasileira contaminou os resultados de toda a América do Sul, que acabou tendo o pior resultado entre todas as regiões. "O crescimento negativo de importação na América do Sul em 2015 foi causado em grande parte pela severa recessão no Brasil", indicou a OMC.

O Mercosul ainda foi o bloco econômico com os piores resultados, com queda de 22,0% nas exportações e 21,5% de redução nas importações.

As importações de serviços no Brasil também caíram de forma dramática, com redução de 19,8% em 2015 e somando US$69,00 bilhões.

O maior importador do mundo continua sendo os EUA, com compras em 2015 de US$2,30 trilhões. A China vem em segundo lugar, com US$1,60 trilhão, mas com uma queda de 14,0% nas compras diante da desaceleração de sua economia.

Exportação – No lado das vendas ao exterior, o Brasil também registrou uma das piores quedas, com contração de 15,1% em valores e colocando o País na 25a posição entre os exportadores. Hoje, os produtos nacionais representam apenas 1,2% do mercado mundial e mesmo a Polônia e Malásia já exportam mais que o Brasil ao mundo.

Em volumes, o Brasil continua a ver uma expansão de suas vendas, com 8,0% em 2015. Mas a queda nos preços de minérios e produtos agrícolas afetou a renda.

Entre os exportadores, a líder é a China, com US$2,20 trilhões em vendas em 2015. Os americanos aparecem com US$1,50 trilhão, na segunda colocação.

Para 2016, a OMC estima que o comércio terá uma expansão de apenas 2,8%, bem abaixo da previsão inicial de 3,9%. Em 2015, a taxa já havia sido de apenas 2,8%, a pior em anos. "O comércio continua a registrar crescimento. Mas a taxas decepcionantes ", disse Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.

"Esse é o terceiro ano consecutivo com um crescimento do comércio abaixo de 3,0%", indicou. Segundo ele, o volume de vendas continua a subir. Mas as taxas de câmbio e queda nos preços das commodities impedem um salto nos valores. "Isso pode minar o crescimento frágil das economias em desenvolvimento", disse.

Para 2017, a previsão é de uma expansão de 3,6% no mundo. Mas bem abaixo da média de 5,0% ao ano na década de 90.

Fonte: Estadão Online. 7 de abril de 2016.

 


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