Além do projeto de atingir 70 milhões de toneladas de capacidade de moagem de cana nos próximos três anos só com a ampliação de usinas existentes, a Cosan planeja a sete chaves como se dará sua nova onda de crescimento em açúcar, álcool e energia. Hoje, a companhia tem condições de moer 63 milhões de toneladas por ano.
Em entrevista ao Valor, Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da companhia, disse que o plano que está sendo desenvolvido visa traçar os próximos passos da empresa, que quer superar a marca de 100 milhões de toneladas de capacidade instalada nos próximos anos. "Podemos ir para 100 milhões, 110 milhões de toneladas de moagem. Dinheiro para nós não é problema", afirmou Ometto, referindo-se à geração de caixa esperada com as operações sucroenergéticas, de logística (Rumo) e de distribuição de combustíveis, que se agigantou com a associação com a Shell. "Essa parceria também reduziu substancialmente o nosso endividamento que está zerado", disse Ometto.
Na mesa de planejamento estão sendo consideradas três estratégias: projetos "greenfields" (usinas construídas a partir do zero), "brownfields" (ampliação) e aquisições. Somente de "greenfields", a Cosan tem quatro projetos de usinas - duas em Goiás, uma em Naviraí (MS) e uma em Andradina (SP). "Alguns desses já têm até licenças para serem construídos, como é o caso de Naviraí", acrescentou o presidente da Cosan Açúcar e Álcool, Pedro Muzutani, que acompanhava ontem Ometto na inauguração da usina Caarapó, localizada em município de mesmo nome, em Mato Grosso do Sul.
Em cada unidade projetada para Goiás será possível atingir moagem de 8 milhões de toneladas de cana. "Considerando os três projetos da região [um deles, Jataí (GO), já está em operação], temos condição de ter 24 milhões de toneladas de capacidade", disse Ometto. Os projetos de Andradina e Naviraí têm potencial para agregar mais 10 milhões de toneladas.
Os projetos "greenfield" animam o empresário, mas o que parece mais empolgá-lo é o desafio de comprar usinas. Aquisições são a marca registrada de Ometto, como lembra seu agora sócio, Roberto Rezende Barbosa, fundador da NovAmérica e até meados de 2009 proprietário da marca de açúcar União, hoje nas mãos de Ometto. "Ele pegou gosto pela coisa ainda nos primórdios do negócio, quando criou o nome Cosan, fruto da fusão das iniciais das usinas Costa Pinto e Santa Bárbara. Depois, não parou mais", brinca Rezende.
Mas Ometto avisa que não vai pagar caro, mesmo com muito dinheiro no bolso. Ele reconhece que a concorrência pelos ativos está maior, com multinacionais pagando preços elevados, mas observa bem de perto [a Cosan participa de quase todas as negociações de ativos à venda], à espera do melhor momento de dar o xeque-mate.
"Quem paga caro, depois volta. Vão surgir oportunidades. Tem gente que cresceu muito e que está com a equação financeira apertada", disse. Soma-se a isso, continuou ele, o fato de que o setor está ficando bastante sofisticado, o que acentuará essa seleção natural. "As empresas terão que investir cada vez mais em logística, ganhos de produção, meio ambiente, etc, para reduzir custos e atingir padrões elevados de qualidade", previu.
Ometto evita falar sobre os investimentos que serão necessários para quase duplicar no longo prazo a capacidade de moagem da companhia. "Depois a CVM [Comissão de Valores Imobiliários] vem atrás de mim". Adiantou, contudo, que os "brownfields" são prioritários, por permitirem que a Cosan cresça com metade do investimento que seria feito em uma usina nova. "Trata-se de US$ 40 por tonelada, valor que é de US$ 100 para um projeto greenfield".
Diante de todas essas possibilidades, com baixa alavancagem e dinheiro, Ometto ainda não arrisca divulgar prazos. "Pode ser que boas oportunidades de aquisição surjam e nos possibilite crescer mais rápido", ponderou. Ao que tudo indica, a consolidação está apenas começando.
Fonte: Valor Econômico. Por Fabiana Batista, 23 de setembro de 2010.