O futuro do etanol brasileiro no mercado americano entrou numa fase decisiva. Pelas contas da Unio da Indstria de Cana-de-Acar (Unica), que representa os produtores nacionais, o Congresso americano tem cerca de sete semanas para definir se renova ou no a tarifa de importao do combustvel e o subsdio dado ao etanol produzido com milho.
Ambos terminam em 31 dezembro e podem determinar a expanso dos negcios no mercado brasileiro. Em caso positivo, a deciso representaria a exportao de 5 a 15 bilhes de litros de etanol para os Estados Unidos at 2020.
Com a proximidade das eleies legislativas nos Estados Unidos, marcadas para 2 de novembro, o Congresso dever entrar em recesso no comeo do ms que vem. Se at l o assunto no for posto na pauta, restaro apenas algumas semanas entre novembro e dezembro para os senadores chegarem a uma concluso - o que no ocorreu em meses de discusso.
Ao contrrio do que ocorria no passado, desta vez h movimentos fortes tanto para a renovao como para a eliminao das tarifas de importao (de US$ 0,54 por galo) e subsdios (de US$ 0,45 a cada galo de etanol de milho adicionado gasolina). Um dos projetos em circulao prev a extenso da subveno por cinco anos. Outras cinco propostas defendem a eliminao dos instrumentos. Nos ltimos meses, esse ltimo grupo ganhou um aliado de peso: o presidente Barack Obama, que defende o uso do combustvel limpo.
Enquanto o Congresso no chega a uma concluso, a Unica refora seu lobby no Congresso e na sociedade americana. Depois de promoes em postos de combustveis e campanhas publicitrias em TV, a estratgia agora mostrar ao cidado americano quanto custa aos cofres do pas a deciso de manter a poltica adotada para o etanol. S os subsdios consomem dos Estados Unidos US$ 5,5 bilhes por ano. ?Hoje o humor do americano contra qualquer gasto do governo?, afirma Joel Velasco, representante da Unica nos Estados Unidos e que faz lobby a favor do etanol brasileiro entre os senadores.
Ele comenta que o assunto tem ganhado as pginas e editoriais dos principais jornais do pas. Em cima desses editoriais, a Unica faz propaganda nos veculos que os senadores leem. Outra estratgia foi montar uma plataforma onde as pessoas aderem a um abaixo-assinado e mandam para os senadores. ?Cerca de 15 mil pessoas j fizeram isso nos ltimos nove dias?, afirma Velasco, que visita o Congresso americano, pelo menos, duas vezes por semana. Alm de encontros e contatos por telefone, ele tem reforado o uso do Facebook e Twitter.
Antes da tarefa de tentar extinguir os subsdios e tarifas, Velasco e os representantes da Unica tiveram uma vitria importante nos EUA. Eles conseguiram enquadrar o etanol como biocombustvel avanado na reduo de emisses de gases.
Brasil
Enquanto os americanos estudam se flexibilizam ou no a entrada do etanol de cana-de-acar no pas, os produtores brasileiros tentam ajeitar a casa para no perder futuras oportunidades. Depois da ressaca da crise mundial, que quebrou dezenas de usinas entre 2008 e 2009, os empresrios comeam a recuperar parte dos prejuzos graas a alta do preo do acar no mercado internacional por causa da quebra de safra da ndia.
Mas, ao contrrio do passado, a euforia por novos investimentos est bem fraca. Em 2008, eram 32 novas usinas; 2009, 19; e neste ano, 10, comenta o diretor tcnico da Unica, Antnio de Pdua Rodrigues. Para o ano que vem, diz ele, sero apenas quatro unidades.
Ele acredita que os preos, tanto do acar como do etanol, devero continuar em patamares bons para o produtor e para o consumidor. Neste ano, destaca o executivo, houve um resduo de cana de 2009 que no foi colhida e que incrementou a oferta. No ano que vem, no haver nem resduo nem a entrada de muitas usinas em operao. Por outro lado, a demanda de etanol continuar crescente no mercado interno e a de acar, no exterior. Em outras palavras isso significa uma forte tendncia de os preos subirem ainda mais no prximo ano.
Se a houver a extino das tarifas e subsdios americanos, pouco provvel que o Pas consiga elevar de forma expressiva os embarques de etanol para os Estados Unidos no curto prazo. Mas haver uma corrida para novos investimentos.
Fonte:
O Estado de So Paulo. 26 de setembro de 2010.
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