A assembléia para avaliar mudanças no plano de recuperação judicial da Indústria de Alimentos Nilza, prevista para a manhã de hoje (14), foi adiada por falta de quórum. A reunião ocorrerá na próxima terça-feira (19), às 10 horas, sem a necessidade da maioria simples dos credores. Pela proposta encaminhada ao juiz Héber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto (SP), a empresa receberá a injeção de R$ 4,5 milhões para o pagamento de dívidas trabalhistas estimadas em R$ 4,2 milhões.
Como a Nilza está fechada desde junho, a receita viria da venda da unidade industrial de Campo Belo (MG), para a Novamix Indústria e Comércio de Alimentos, que já arrendada a planta. O negócio prevê ainda a cessão de algumas máquinas e da marca Fazenda Mineira de leite longa vida, produzida pela Novamix, também fabricante dos queijos Quatá. Os R$ 4,5 milhões são a diferença entre os R$ 2,9 milhões já pagos pela Novamix e os R$ 7,4 milhões previstos para serem amortizados em até seis anos, período do arrendamento.
"É um valor irrisório diante do tamanho do ativo da Nilza e não podemos concordar com isso", disse Lucas Terra Gonçalves, advogado do Sindicato da Indústria de Alimentação de Ribeirão Preto, que representa cerca de 130 ex-funcionários da Nilza. Segundo ele, além dos R$ 4,2 milhões de dívidas trabalhistas que devem ser pagas obrigatoriamente até o dia 21 de outubro, a Nilza tem cerca de R$ 4,5 milhões de rescisões contratuais de empregados demitidos após a aprovação do plano de recuperação judicial.
Pela estratégia da Nilza, com a venda da unidade de Campo Belo a empresa conseguiria adiar em mais um ano a possível falência. Isso porque, em outubro de 2011 começa o pagamento dos pequenos produtores que forneciam leite para a empresa e foram incluídos no plano de recuperação judicial. No total, a dívida, incluindo os credores financeiros, soma R$ 340,8 milhões. Com o tempo, a empresa poderia negociar a venda dos outros ativos e da marca de leite longa vida que já foi líder no mercado paulista.
Caso a nova proposta não seja aceita pelos credores, dificilmente a Nilza escapará da falência, pois teria de pagar a parcela de dívidas trabalhistas daqui a uma semana. A indústria tem ainda processadoras em Ribeirão Preto (SP) e de Itamonte (MG). Ambas foram fechadas em junho de 2010 e tiveram todos os funcionários demitidos.
A Nilza tem como donos o empresário Adhemar de Barros Neto, com 65%, e o Fundo de Participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar), com os 35% restantes. A empresa foi procurada por meio da advogada Sílvia de Luca, única porta-voz da Nilza, que ainda não se manifestou.
Fonte: Agência Estado. 14 de outubro de 2010.