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Scot Consultoria

Mesmo com preços recordes, produtor de algodão teme os reflexos do câmbio


Quinta-feira, 28 de outubro de 2010 - 09h25

Em um cenário favorável de demanda, produção e área plantada em franca ascensão, os produtores de algodão agora concentram esforços para remediar a insistente desvalorização do dólar ante o real. Como boa parte da nova safra já foi vendida para 2011, os produtores avaliam que os altos preços do algodão são "insustentáveis" no mercado externo, o que pode derrubar os recentes ganhos e virar margem negativa no médio prazo. "Precisamos segurar esse real. No curto prazo, o governo tem que pensar em reduzir os juros básico. Depois, cortar gastos públicos e incentivar a formação de uma poupança interna mais robusta", reivindica o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha. "E continuar a taxar dinheiro especulativo para evitar essa enxurrada de dólares". A indústria do algodão também sofre com as perspectivas de manutenção do real sobrevalorizado. A associação industrial do setor (Abit) reforçou ontem, em carta que será enviada ao governo, o pedido para uma "ação cambial" mais efetiva. "Temos que marcar posição de forma conjunta", diz Cunha. Para ele, a cotação ideal do dólar ficaria entre R$ 1,90 e R$ 2,00. A indústria teme, segundo ele, a inundação de têxteis da China e as dificuldades de exportação com o real tão valorizado. Mesmo assim, as exportações devem aumentar de 450 mil para 600 mil toneladas em 2011, o que deve transformar o país no terceiro maior exportador da fibra, atrás apenas dos EUA e do Uzbequistão. A alta cotação do algodão no mercado internacional tem incentivado a migração dos produtores de soja para a fibra. A Câmara Setorial do Algodão do Ministério da Agricultura estimou ontem que a produção deve crescer 62%, passando de 1,1 milhão para 1,7 milhão de toneladas. A área plantada deve ser 42% superior ao ciclo passado. "Planto algodão há 12 anos e nunca vi o preço a US$ 1 por libra-peso. Hoje, fechou a US$ 1,10", afirmou o presidente da câmara, Sergio De Marco. "O preço internacional está puxando. Em função disso, o produtor vai fazer as contas e vai entrar no algodão porque é mais lucrativo que a soja". O governo está atento às reivindicações. "Se a produção atingir 1,7 milhão de toneladas, o Brasil poderá colher a maior safra de algodão da história", afirmou o coordenador-geral de Oleaginosas e Fibras do Ministério da Agricultura, Sávio Pereira. "Para isso, são importantes questões como clima, crédito e preço, que prometem ser bastante remuneradores". Os custos de produção estão estabilizados, segundo o governo. Neste ano, as cotações da pluma subiram de US$ 0,70 para US$ 1,10 por libra-peso. "Este é o melhor preço dos últimos 140 anos", afirma Pereira. Os produtores concordam: "Este é o momento de o Brasil recuperar a área que vinha plantando em anos anteriores", diz De Marco. A câmara setorial divulgou ontem dados estaduais indicando que a área plantada em Mato Grosso deve passar de 428 mil hectares, na safra 2009/10, para 619 mil hectares em 2010/11. Em Mato Grosso do Sul, passaria de 38,6 mil para 53,6 mil hectares. Em Minas Gerais, de 14,5 mil para 27 mil hectares. Fonte: Valor Econômico. Por Mauro Zanatta. 27 de outubro de 2010.
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