A União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio) vai pedir ao governo federal que estabeleça um novo marco regulatório para a mistura de biodiesel ao diesel e defende que passe a ser de 20% no ano de 2020. A medida, segundo o presidente-executivo da Ubrabio, Odacir Klein, vai permitir que o setor volte a programar uma nova fase de investimentos.
Quando foi criado o primeiro marco regulatório do setor, em 2005, foram definidas elevações gradativas na mistura. Começava com 2% em 2007 e terminava em 2013 com 5%, mistura que foi antecipada para o início de 2010 e que está efetivamente em vigor. Nenhum outro marco regulatório foi estabelecido desde então.
Atualmente, com capacidade instalada para atender uma mistura de até 10% de biodiesel no diesel, a indústria produtora do biocombustível quer nova sinalização para que possa ocupar a capacidade ociosa (atualmente em 53%) e programar sua nova fase de expansão. "A nossa expectativa é que o governo federal sinalize essa definição ainda neste ano", diz Klein.
A entidade encomendou um estudo a FGV Projetos para avaliar os impactos da mistura de 20% daqui a dez anos. O estudo, apresentado ontem, em São Paulo, mostra que a medida reduziria a zero a importação de diesel pelo Brasil, atualmente em 3,51 bilhões de litros e gastos de US$ 1,67 bilhão.
De acordo com o levantamento, coordenado pelo pesquisador da FGV Projetos, Cleber Guarany, seriam necessários investimentos de R$ 14,85 bilhões para ampliar capacidade industrial e agrícola para atender o B20. Neste caso, o investimento considera expansão de áreas de culturas alternativas à soja, como palma, para mantê-las juntas com 20% de participação entre as matérias-primas usadas para fabricação de biodiesel.
Isso significa, portanto, que a soja continuará sendo a principal matéria-prima da matriz de biodiesel, não com 80% de participação, como é hoje, mas com 70%, o que representaria um volume adicional de óleo de soja de 8 milhões de toneladas sobre a 2010, que foi de 1,13 bilhão de toneladas.
Entre as culturas alternativas que mais devem avançar, diz Guarany, está a palma, que já é produzida em larga escala no Norte. Há no Pará, segundo ele, 5 milhões de hectares de terras degradadas e projetos para utilizar 20% deles para palma o que, por si só, já seria suficiente para produção de 5 milhões de toneladas de óleo. (FB)
Fonte:
Valor Econômico. 27 de outubro de 2010.
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