Depois de enfrentar uma greve de trabalhadores que durou quase um ano no Canadá, a Vale apresentou quarta-feira planos ambiciosos para a região. A mineradora pretende investir US$ 9,8 bilhões ao longo dos próximos cinco anos para expandir e modernizar suas operações naquele país, onde estão seus principais ativos de níquel e cobre.
Desse total, quase US$ 2 bilhões já estavam programados no orçamento total da Vale para 2011, que soma US$ 24 bilhões. "Os investimentos que lançamos são um indicador do futuro brilhante que vemos para a Vale no Canadá", afirmou o diretor executivo da mineradora no país, Tito Martins.
Em comunicado, a empresa, que foi duramente pressionada por sindicatos, deu ênfase aos empregos que serão criados pelos novos investimentos e também a projetos ambientais. Só o projeto de redução das emissões atmosféricas na unidade de Sudbury, em Ontário, vai consumir entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões, aproximadamente 20% do orçamento total previsto para o quinquênio.
Boa notícia
Para o ministro da Indústria do Canadá, Tony Clement, a decisão da companhia de investir US$ 9,8 bilhões no país é "uma boa notícia", apesar da intenção da empresa de fechar uma refinaria de níquel na província de Manitoba, demitindo 500 empregados. Segundo Clement, a perda dos empregos é lamentável, apesar de fazer parte de um plano maior da Vale de centralizar suas operações no Canadá.
Em seu comunicado, a empresa informou ainda ter planos de tornar Manitoba, outra província canadense, em berço de desenvolvimento de novas fontes de minério. "Nós vemos um futuro forte e de longo prazo para nossas operações em Manitoba. (...)Terá um aspecto diferente do que se faz hoje, mas é um futuro que, acreditamos, vai contribuir para que mantenhamos nossas operações lá por muitos anos", afirmou Martins.
As unidades operacionais na região de Ontário vão receber a maior parte dos recursos, US$ 3,32 bilhões. Além de expansões, a Vale destinará outros US$ 350 milhões para a Mina Totten, a primeira nova mina da empresa na unidade de Sudbury em quase 40 anos.
"A mina representa um grande investimento no desenvolvimento de novas fontes de minério para alimentar as instalações da empresa de processamento de níquel em Sudbury", informa a mineradora na nota.
Com a expansão e modernização das instalações centenárias de Sudbury, a empresa espera ganhar eficiência e também reduzir significativamente as emissões de poluição na atmosfera até 2015.
A Vale também pretende investir cerca de 2,8 milhões de dólares canadenses para construir novas instalações de processamento em Long Harbour, na província de Newfoundland e Labrador. A construção já está sendo feita e deverá ser concluída no primeiro trimestre de 2013.
Cobre
Segundo a empresa, o projeto de cobre Cliff Deep, que havia sido suspenso, agora está sendo reavaliado e tem meta de produzir 126 milhões de toneladas de minério de níquel.
A companhia informou ainda que anunciará em breve sua estratégia para ampliar a produção de cobre no Canadá para 100 mil toneladas por ano.
No segmento de fertilizantes, a Vale avalia um projeto de potássio de US$ 2,44 bilhões na província de Saskatchewan.
De acordo com a mineradora, o empreendimento está em estágio de "pré-viabilidade" e tem como meta atingir uma produção de 2,9 milhões de toneladas de potássio por ano. A expectativa é receber o aval do conselho de administração da empresa em 2012.
Fonte: O Estado de São Paulo. 17 de novembro de 2010.