O plantio de soja em Mato Grosso alcançou, até sexta-feira passada, 86,7% da área total prevista para esta safra 2010/11, informa levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).
Ainda que continuem 6,1 pontos percentuais atrasados em relação aos resultados apurados nesta mesma época do ano passado, quando estava em curso a semeadura da safra 2009/10, os trabalhos tiveram mais uma semana de ritmo forte, flagrante desde o início do mês, quando as chuvas voltaram a ser mais regulares.
De 15 de setembro, quando oficialmente teve início, até o fim de outubro, o plantio de soja em Mato Grosso foi prejudicado pela escassez hídrica provocada pelo fenômeno climático La Niña. O problema deverá resultar em uma oferta menor do grão em janeiro, como já informou o Valor.
Exatamente por causa dessa queda, o atraso do plantio evitou um crescimento maior das vendas antecipadas da safra que começará a ser colhida no início de 2011. Ainda assim, até o fim de outubro 45% da produção futura já estava negociada, ante percentual de 29,1% em igual período de 2009.
Nos cálculos do Imea, a área plantada com soja em Mato Grosso deverá alcançar 6,146 milhões de hectares em 2010/11, 1,1% menos que em 2009/10, e a produção deverá atingir 18,443 milhões de toneladas, uma queda de 2% na mesma comparação.
Entre outros fatores, as vendas antecipadas foram mais estimuladas neste ciclo por conta dos bons preços praticados nos mercados internacional e doméstico, em que pese toda a turbulência verificada nos mercados globais de commodities.
Em meio à intensa volatilidade das últimas semanas, ontem foi dia de alta das cotações em Chicago. E, curiosamente, o principal fator que pesou para a valorização - os papéis para março subiram 19,75 centavos de dólar por bushel, para US$ 12,2875 - foram as adversidades climáticas causadas pela La Niña na América do Sul, as mesmas que deram a trégua que proporcionaram o crescimento do plantio em Mato Grosso.
Amenizados os efeitos adversos no Estado do Centro-Oeste, o foco dos analistas passou aos Estados do Sul do Brasil e às regiões produtoras da Argentina. Nessas áreas de produção, as previsões apontam para chuvas limitadas nos próximos sete a dez dias, conforme realçou a agência Dow Jones Newswires. Conforme a Reuters, em algumas regiões gaúchas já foi preciso replantar por conta da seca.
Fonte: Valor Econômico. Por Fernando Lopes. 23 de novembro de 2010.