Credores do frigorífico Independência decidiram, ontem, suspender por 60 dias a assembleia convocada para discutir um novo plano para recuperação da empresa. A suspensão permitirá que os credores tenham mais tempo para negociar com potenciais investidores, entre eles um grupo de investidores de um conglomerado familiar da América Latina, que apresentou sua proposta ontem.
"Esse período permitirá que os credores conversem com esse investidor e com outros também", disse o advogado do Independência, Luiz Fernando Paiva, depois da suspensão da assembleia.
A proposta do grupo de investidores - representado ontem na assembleia por Alfredo Chang - prevê a compra de ativos do Independência e a criação de uma nova empresa. O plano prevê ainda a conversão de parte da dívida do Independência em ações da nova companhia.
A dívida total da empresa é estimada em mais de R$ 2 bilhões. Uma fatia de U$ 800 milhões dessa dívida seria convertida em ações da companhia, segundo a proposta. A família Russo, controladora do Independência, ficaria fora da nova empresa.
Durante a assembleia, Paiva chegou a dizer que a não aprovação do plano de reestruturação do Independência poderia levar a empresa à falência, segundo a Bloomberg. Ao Valor, disse que as conversas "foram positivas" e que há "uma melhor compreensão dos credores sobre a necessidade de um investidor". Admitiu, porém, que "não vai adiantar nada se a proposta dos investidores não contentar os credores". Mas evitou falar em risco de quebra do Independência, que está em recuperação judicial desde novembro de 2009.
No mês passado, sem capital de giro e sem conseguir pagar dívidas que venciam, o frigorífico paralisou todas as suas operações. No fim de setembro, a empresa já havia anunciado que não pagaria juros de suas notas sênior com vencimento em 2015. O eurobônus de US$ 165 milhões havia sido emitido em março deste ano e o objetivo dos recursos era pagar fornecedores e capital de giro.
De acordo com Paiva, a proposta do Independência de suspender o pagamento de suas dívidas por 60 dias não chegou a ser discutida na assembleia com os credores ontem. Questionado se a empresa terá como pagar seus débitos nesse período, foi evasivo e disse que poderá responder à pergunta nos próximos dias. (Com Bloomberg)
Fonte: Valor Econômico. Por Alda do Amaral Rocha. 23 de novembro de 2010.