Mais uma operação de resgate no setor de laticínios será protagonizada pelo BNDES
Após capitalizar empresas como Nilza e Bom Gosto, que impulsionaram o mercado com a venda de leite barato (e colocaram em crise companhias como Parmalat e LeiteNom), o dinheiro do banco fortalecerá a empresa resultante da junção da GP Investimentos e do laticínio Bom Gosto.
Dentro do acordo, a Monticiano, dona da marca LeitBom e que pertence à GP, ficaria com 40% da nova empresa. O BNDESPar – que tem 34,6% da Bom Gosto – conseguiria manter 35%, mas teria que fazer um novo aporte estimado em até R$ 600 milhões. A Bom Gosto e a Nilza seriam donas de 25% da companhia.
A nova empresa será comandada pela GP e a principal marca será a Parmalat. “É preciso tomar muito cuidado com essas questões porque acaba sobrando para o produtor”, afirma Jorge Rubez, presidente da LeiteBrasil, associação que representa os produtores de leite. “Se for para sanar os problemas, parabéns. Mas, se for para pegar dinheiro do BNDES e falir daqui a pouco, não dá.”
Consolidação do setor lácteo
Esse é mais um capítulo do processo de consolidação do setor lácteo brasileiro. Em março deste ano, a GP Investimentos fechou acordo com a Laep Investments, do empresário Marcus Elias, que detinha a marca Parmalat. A união agora com a Bom Gosto faria surgir uma empresa capaz de ameaçar a liderança da Nestlé, que tem como principal marca a Ninho, no mercado brasileiro.
A gaúcha Bom Gosto conseguiu crescer nos últimos anos com o apoio do BNDES. Uma das táticas usadas pela companhia foi as aquisições. Nos últimos três anos, comprou sete companhias. Mas essa estratégia agressiva, que fez o faturamento crescer, elevou também o endividamento da empresa, que chegou a R$ 347 milhões em 2009, um aumento de 133%.
Fonte: Revista ISTO É DINHEIRO. 25 de novembro de 2010.