O Senado americano aprovou em primeira votação a prorrogação por mais um ano do subsídio e da tarifa de importação de etanol. Mas alguns parlamentares contrários à proposta lançaram mão de novos recursos para tentar pelo menos diminuir o benefício aos produtores de etanol de milho.
A senadora democrata Dianne Feinstein, da Califórnia, apresentou uma emenda para reduzir em 20% os subsídios. Até o início da noite de ontem, não havia decisão ainda se a emenda seria colocada em votação. Outros seis senadores apoiaram a proposta apresentada por Feinstein.
Para incentivar o uso de energias renováveis, o governo americano concede um subsídio de US$ 0,45 por galão (3,8 litros) de etanol misturado à gasolina. Para evitar que o subsídio vá para produtores estrangeiros, o governo também impõe uma tarifa de US$ 0,54 sobre o galão do etanol importado. Um dos maiores prejudicados pelo sistema é o Brasil, que produz etanol de cana com custos mais baixos do que o produto americano, feito de milho.
Se nada for feito, o subsídio e a tarifa irão expirar em 31 de dezembro. O lobby do etanol do milho, porém, conseguiu inserir um artigo num projeto de lei que trata de um outro assunto, a prorrogação dos cortes de impostos feitos no governo George W. Bush, cuja aprovação é considerada prioritária pelo governo Barack Obama para não enfraquecer ainda mais a economia.
Mas o lobby do etanol do milho, que conseguiu prorrogar o benefício por cerca de três décadas, enfrenta forte resistência. Os planos iniciais eram prorrogar o benefício por cinco anos, mas o grupo teve que se contentar com apenas um ano. A senadora Feinstein defende o fim do subsídio porque, na sua visão, o etanol do milho não produz benefícios representativos em termos ambientais, quando comparado com outras alternativas. Parlamentares conservadores, de outro lado, querem cortar os benefícios para reduzir o alto déficit público e para abrir espaço para o corte de gastos públicos.
Se o subsídio for renovado pelo Senado, o projeto deverá ser submetido à Câmara dos Deputados, onde aparentemente há maior resistência não só ao beneficio aos produtores de etanol, mas também à extensão dos cortes de impostos feitos por Bush. No sábado, um grupo de 17 deputados democratas assinou carta pedindo o fim do sistema de subsídio. Se o projeto não passar na Câmara o governo Obama poderá submetê-lo a uma nova votação no ano que vem, quando assume uma nova bancada de maioria republicana, eleita em novembro passado.
Fonte. Valor Econômico. Por Alex Ribeiro. 15 de dezembro de 2010.