Mantido no cargo pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) depois de quatro anos à frente da Secretaria de Agricultura de São Paulo nas gestões de José Serra e Alberto Goldman - que assumiu o governo do Estado quando Serra partiu para a campanha presidencial na qual foi derrotado por Dilma Rousseff (PT) -, João Sampaio credita a boa fase do agronegócio paulista à “conjuntura favorável”.
Sampaio reclama que há muito a avançar no processo de modernização e informatização da estrutura da secretaria, mas destaca que houve avanços em questões como restrições à queima de cana e mecanização da colheita nos canaviais, diz que a segurança sanitária da produção agropecuária melhorou e lembra que indústrias de suco de laranja e citricultores deram sinais de que podem caminhar na mesma direção após a assinatura do protocolo de intenções para a criação do Consecitrus, um “ambiente” para que as partes possam discutir os rumos do segmento.
Para esta segunda fase de seu trabalho como secretário da Agricultura, Sampaio, produtor de borracha que já presidiu a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e não tem filiação partidária - mas é uma "grife" no agronegócio, de acordo com o governador Alckmin -, elegeu a criação de uma empresa pública de pesquisas agropecuárias como uma de suas prioridades. Nos últimos quatro anos, os seis institutos de pesquisa ligados à secretaria e coordenados pela Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta) investiram, diretamente ou por meio de convênios e parcerias, mais de R$150 milhões.
"Foi o maior valor em 35 anos, mas ainda assim é pouco. A pesquisa paulista provou que é capaz de atender a estímulos e cobrir as demandas dos produtores, mas com uma empresa pública no estilo da Embrapa poderemos dinamizar as parcerias e ampliar os investimentos", afirma Sampaio. “Em áreas como café, cana e laranja, nossos institutos já são líderes mundiais, e recebemos muitas propostas de parcerias que não conseguimos atender”.
Aos 44 anos, Sampaio observa, por exemplo, que por meio de pesquisas regiões ainda pobres do Estado, como o Vale do Ribeira, podem ganhar alternativas importantes de renda. “Ali há uma biodiversidade rara, mas esse potencial tem de ser desenvolvido. Mas sempre com foco na renda, porque sem renda não há pesquisa, contratação de pessoal ou preservação ambiental”.
Fonte: Valor Econômico. 10 de janeiro de 2011.