Animado com o novo recorde histórico de US$76,44 bilhões das exportações do agronegócio em 2010, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, estima que as vendas externas devam ficar acima de US$85 bilhões em 2011. “É bastante razoável esperar um crescimento acima de 10% neste ano, já que na última década crescemos 14%. Ainda é uma expectativa, uma meta, mas é possível”, disse ontem em seu gabinete.
A previsão do ministro está amparada na elevação de quase 15% nos preços médios dos embarques no ano passado, algo que deve ser mantido neste ano, mesmo com a “guerra cambial” desatada após a crise financeira global iniciada em 2008. “A ‘guerra cambial’ não deve continuar e o câmbio deve ficar mais equilibrado neste ano. Teremos uma safra cheia e um recorde de receita de R$187 bilhões”, afirmou Rossi. "As condições cambiais eram piores no ano passado. E o produtor tem capacidade para enfrentar câmbio e logística adversas”. Rossi mostrou desagrado com a manutenção da tarifa contra o etanol nacional nos Estados Unidos. “Estamos frustrados, mas é um ato de soberania. É errado proteger um setor incompetente, que dizer, ineficiente”, criticou.
O ministro aposta na manutenção dos custos de produção e na continuidade do avanço “significativo e exponencial” das exportações em 2011. Além disso, estimou, os preços médios devem seguir em alta por causa da demanda mundial aquecida e dos sinais de forte consumo doméstico. Produtos como óleo de soja, carnes, açúcar, café, milho e algodão devem continuar em ascensão. “Mesmo com a redução na receita do complexo soja, em 2010 tivemos aumento no sucroalcooleiro, em carnes, café, milho e produtos florestais”, afirmou o ministro.
Os principais blocos e países parceiros do agronegócio nacional elevaram as compras no Brasil em 2010. A Ásia aumentou 17% suas aquisições - a China, 23%. A União Européia comprou mais 27% e a Rússia, 46%. No Oriente Médio, o Irã comprou mais 86% e o Egito, 70%. Na América Latina, a Venezuela elevou em 36% suas aquisições.
O superávit comercial da balança do agronegócio também deve crescer em 2011, previu Wagner Rossi. No ano passado, o saldo cresceu 14,8%, para US$63,05 bilhões. Mantida a tendência, deve saltar a US$70 bilhões. “O superávit cresce seis vezes na última década. E ainda ajudamos a cobrir o déficit comercial da indústria e dos serviços”.
A balança de 2010 confirmou a expectativa de grande destaque para as vendas externas de açúcar. Novamente liderados pela soja em grão e seus derivados (óleo e farelo), os embarques mostram que o segmento sucroalcooleiro superou as vendas do complexo carnes, voltando a ocupar o segundo lugar no ranking do Ministério da Agricultura. Embora mantido na ponta das exportações setoriais, o complexo soja perdeu espaço. Os embarques somaram US$17,1 bilhões, 0,8% abaixo de 2009. Sua fatia nos embarques do campo caíram de 26,6% para 22%.
Nem mesmo o expressivo aumento das cotações internacionais no segundo semestre impediram um recuo nos preços médios do grão e do farelo. As cotações do óleo se expandiram, mas não o suficiente para compensar a retração no complexo. Em um cenário melhor do que a soja, os embarques de açúcar registraram preços médios 32,2% acima de 2009. Como o volume exportado também engordou (15,3%), a receita da commodity atingiu US$8,38 bilhões - 52,3% acima de 2009, o que levou os embarques totais do segmento sucroalcooleiro a US$13,77 bilhões, um salto de 41,8%. Foi a maior expansão entre produtos ou grupos com superávit superior a US$1 bilhão.
Fonte. Valor Econômico. Por Mauro Zanatta. 13 de janeiro de 2011.