Lançado pelo Banco do Brasil em meados de 2008, o fundo de investimentos em participações no agronegócio (“private equity”) realizou, em dezembro, o primeiro aporte de capital em uma empresa do setor no país.
O “FIP Brasil Agronegócios”, gerido pelo BB em parceria com a BRZ Investimentos, aportou R$100 milhões na empresa florestal paulista Amata. Dedicada à produção de madeira certificada, a Amata explora áreas florestais em Rondônia, Pará e Amazonas. O FIP Agro, em conjunto com o FIP Sustentabilidade do BB, passou a ter 42% do capital total da empresa.
Ainda em janeiro, um novo aporte de R$77,5 milhões será anunciado pelo BB em uma empresa operadora de logística de granéis do agronegócio. O FIP Agro passará a deter 25% do capital da companhia, cujo nome ainda é mantido em sigilo por questões contratuais.
O fundo do BB, que captou R$840 milhões para investir exclusivamente em empresas do agronegócio, também deve ganhar um “espelho” da mesma dimensão para ampliar sua atuação no agronegócio. O FIP Agro tem mais duas empresas estão em fase de negociação adiantada e analisa investir em outras dez companhias do setor.
“Até o fim do ano faremos um ‘fundo espelho’ de igual valor e que não precisará passar por análises burocráticas", diz o vice-presidente de Agronegócios do BB, Luís Carlos Guedes Pinto.
O FIP Agro tem como investidores BNDES, BB Banco de Investimentos (BBI), os fundos de pensão de funcionários Ceres (Embrapa), Petros (Petrobras), Previ (BB), além do próprio gestor do fundo, a BRZ Investimentos, um braço da GP Investimentos.
Em 18 meses, o FIP Agro recebeu propostas de mais de 200 empresas. Da produção primária a insumos, passando por processamento, distribuição e serviços, além de infra-estrutura e exportadoras. O fundo também recebeu diversas sondagens de investidores estrangeiros dispostos a aplicar dinheiro no setor. “Podemos criar novos fundos específicos, de investimento em terras, por exemplo”, revela Guedes Pinto. “Esses grupos internacionais podem aplicar aqui por meio do fundo em vez de entrar diretamente no processo produtivo”.
Os primeiros investimentos do FIP Agro aceleram a estratégia do BB de alavancar capitais privados para o agronegócio. Os dois aportes somam 21% do patrimônio líquido (PL) do fundo. Os planos do BB para o FIP Agro são investir 40% do PL nos próximos dois anos e chegar a 70% em três anos.
“Mas, com certeza, devemos atingir os 100% do PL em três anos”, acredita o vice-presidente do BB. Guedes Pinto avalia que o fundo tem um papel institucional importante porque ajuda o setor a adotar novos parâmetros. “É um movimento indutor de governança no agronegócio. Além do capital, muda a administração da empresa. Confere mais qualidade porque demanda a criação de conselhos e processos de controle e transparência”, avalia Guedes.
As regras do FIP Agro estabelecem um cronograma de retorno financeiro acima do CDI. Os investimento devem ter prazo médio de oito anos. Ao fim dos contratos de gestão, as empresas poderão recomprar a participação acionária ou abrir capital em bolsas de valores no médio prazo. Mas isso não será uma exigência contratual, já que os cotistas também poderão renovar ou ampliar suas participações nessas empresas.
O planejamento do FIP Agro busca empresas médias ou grandes, de capital aberto ou fechado, mas com organização financeira e gestão reforçadas com instrumentos de análise de risco, governança, transparência e bons planos de negócio. O fundo de “private equity” buscará projetos “greenfield” (a partir do zero), empresas de alto potencial de crescimento, com margem de melhoria de rentabilidade e liderança de mercado ou que atuem como veículos de consolidação de um segmento.
Há interesse nas áreas de inovação em produtos (pesquisa biológica, por exemplo), sistema de produção (adaptação de cultivares) e metodologias de gestão na agroindústria.
Fonte:
Valor Econômico. Por Mauro Zanatta. 14 de janeiro de 2011.
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