O advogado e empresário Sérgio Alambert, que fez proposta para compra da Indústria de Alimentos Nilza por meio de sua empresa Airex, rebateu as acusações do juiz Héber Mendes Batista, de Ribeirão Preto (SP), que decretou a falência da Nilza. A empresa estava em recuperação judicial, e o plano de reestruturação aprovado pelos credores, em novembro passado, previa a venda da Nilza para a Airex.
Ao decretar a falência do laticínio, na terça-feira, o juiz da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto, alegou fraude no processo de recuperação judicial e na negociação com a Airex. Segundo o jornal “A Cidade”, de Ribeirão, escutas telefônicas do Ministério Público apontaram fraude no processo.
O juiz questionou a origem dos R$5,2 milhões depositados pela Airex, após a aprovação do plano de recuperação, para pagamento de credores trabalhistas. Alambert disse que tem como comprovar a origem dos recursos e que vai entrar com uma petição na Justiça para fazê-lo.
A reportagem não conseguiu falar com o juiz Héber Mendes Batista, pois os fóruns paulistas fecharam ontem a partir das 13 horas em luto pela morte do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo Antonio Carlos Viana Santos.
A advogada Sílvia de Luca, que representa o controlador da Nilza, Adhemar de Barros Neto, não quis comentar a decisão sobre a falência alegando ainda não ter tido acesso ao “inteiro teor da sentença”.
Sérgio Alambert também refutou a acusação de que a Airex seria uma empresa de fachada e de que teria apresentado endereços falsos à Justiça. Segundo ele, a Airex foi constituída em 2001, com sede em Manaus. A empresa foi criada para atuar na importação de peças para motocicletas, “mas não deu certo”. Acrescentou que a Airex permaneceu aberta, mas o imóvel alugado em Manaus foi entregue. Quando surgiu a oportunidade de comprar a Nilza, outro imóvel foi alugado em Manaus, mas não foi mobiliado, segundo Alambert, já que a empresa também tem escritório em São Paulo.
O empresário também é acusado de ter pago a um credor, José Eustáquio de Senna, para que este convencesse outros credores a aprovarem o plano. Alambert disse ter pago a Senna - que vendeu o laticínio Montelac à Nilza em 2008 -, por uma consultoria no projeto de aquisição da Nilza, já que não conhece o setor de leite. Admitiu, porém, ter pedido a Senna que conversasse com outros credores para que votassem pela aprovação do plano.
Na opinião da Alambert, o controlador da Nilza, Adhemar de Barros Neto, deve recorrer à Justiça contra a decretação da falência, pois “todos os argumentos são frágeis”.
O plano de recuperação aprovado pelos credores da Nilza previa a venda da fatia de 65% do controlador para a Airex, que assumiria o passivo estimado em R$420 milhões. O BNDESPar detém os 35% restantes do capital da empresa.
A tentativa de adquirir o laticínio não é a primeira investida de Alambert no agronegócio. Por meio da Airex, ele comprou, em dezembro, por R$200 milhões a usina Casquel, de Cambará (PR). Do total do negócio, R$ 180 milhões foram de assunção de dívidas e R$20 milhões em aporte de capital. Segundo Adalgiso Antônio Casquel, antigo proprietário da usina, a venda foi concluída com o cumprimento de todos os compromissos firmados.
Fonte: Valor Econômico. Por Alda do Amaral Rocha com colaboração de Fabiana Batista. 27 de janeiro de 2011.