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Scot Consultoria

Clima adverso vai reduzir safra de maçã em até 25%


Terça-feira, 1 de fevereiro de 2011 - 09h33

Problemas climáticos em regiões produtoras do Sul do país deverão provocar forte queda na safra de maçã que começará a ser colhida na região a partir desta semana. Conforme a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), a quebra poderá ser de até 25%. Segundo Pierre Nicolas Pérès, presidente da entidade, a geada e o granizo prejudicaram o desenvolvimento das frutas, e com isso ele prevê uma colheita de cerca de 1 milhão de toneladas, ou 275 mil a menos do que no ano passado. Em Santa Catarina, polo responsável por 54% da produção nacional, segundo a ABPM, a previsão também é de queda na safra em comparação com o ano passado. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Estado (Epagri), a estimativa é que os municípios da serra catarinense colham 338,3 mil toneladas, cerca de 12% menos que as 384,4 mil de 2010. Os dados levam em conta a produção de São Joaquim, Urubici, Urupema, Bom Retiro e Bom Jardim da Serra. A região reúne 1,5 mil produtores, a grande maioria de pequeno porte, em propriedades de até 5 hectares. De acordo com Marlise Nara Ciotta, engenheira agrônoma da estação da Epagri em São Joaquim, o granizo atingiu a região entre novembro e dezembro, fase de desenvolvimento do fruto. A geada de setembro também prejudicou os produtores. Segundo Marlise, o frio atinge a planta na época de floração, o que a impede de gerar o fruto. A geada foi a principal responsável pelas perdas da Cooperativa Regional Agropecuária Serrana (Cooperserra), fundada há 34 anos em São Joaquim e que hoje integra 115 produtores e 490 hectares plantados. Segundo o presidente Giovani Franzoi, o grupo deverá colher cerca de 20 mil toneladas de maçã, entre 10% e 15% a menos do que em 2010. Conforme o dirigente, ainda há chances de entre 5% e 7% das frutas serem descartadas, com condições apenas de servir à indústria, em função dos estragos causados pelo granizo. Com isso, na avaliação de Franzoi, os preços pagos aos produtores podem ter um incremento de 10% a 15%. Na safra passada, o preço oscilou entre R$0,40 e R$0,50 o quilo pago ao produtor. Este ano, na avaliação de Franzoi, podem ultrapassar os R$0,60 por quilo. A Cooperserra tem aproximadamente 60% da produção centrada em maçã fuji e seus clones. Os outros 40% são de produção de maçã gala. Apenas 5% da produção é exportada para a Europa. Na Cooperativa Agrícola de São Joaquim (Sanjo), que reúne 80 produtores, a expectativa é colher ao redor de 40 mil toneladas de maçã nesta safra. O volume pode ter uma queda de 10% em relação a 2010 em função dos prejuízos climáticos. A cooperativa foi fundada em 1993 por um grupo de 34 produtores de frutas, jovens imigrantes japoneses, e atualmente é uma das principais beneficiadoras de maçã do país. Tem uma área plantada da ordem de 2,1 mil hectares, das quais 50% são destinadas à variedade fugi. Em 2010, a Sanjo faturou cerca de R$60 milhões, 20% a mais do que no ano anterior. Para este ano, a perspectiva é manter a taxa de crescimento. Cerca de 300 pessoas trabalham na empresa. A Renar Maçãs, empresa de Fraiburgo, no meio-oeste catarinense, que detém cerca de 13% da produção nacional da fruta desde que se associou à PomiFrai em novembro de 2010, ainda não tem previsão de resultados para esta safra. Segundo Wendell Finotti, diretor financeiro da empresa, a Renar tomou a decisão estratégica de eliminar pomares antigos para melhorar a qualidade dos frutos. A área de 1,7 mil hectare foi reduzida para 1,6 mil hectare, mas Finotti acredita que a safra terá um ganho de produtividade. Em 2010, foram colhidos 80 mil toneladas da fruta. A expectativa da companhia é que a redução da área plantada seja compensada com a qualidade da fruta. Finotti não aposta em uma elevação grande dos preços da maçã em consequência da possibilidade de importação de países como Chile e a Argentina. Segundo dados do sistema Aliceweb, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram importadas 76,8 mil toneladas de maçãs frescas em 2010, um crescimento de 20% sobre o volume de 2009. No acumulado dos nove primeiros meses de 2010, a Renar apresentou receita líquida de R$48 milhões, superior aos R$26,4 milhões do mesmo intervalo do ano anterior. Apesar do crescimento nas vendas, o resultado para os três primeiros trimestres de 2010 foi um prejuízo de R$3,3 milhões. De dezembro de 2009 a janeiro de 2011, as ações da companhia também recuaram. O papel, negociado a R$1,02 no fim de 2009, valia R$0,64 na sexta-feira passada. Fonte: Valor Econômico. Por Júlia Pitthan. 31 de janeiro de 2011.
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