A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), prometeu nesta quarta-feira garantir a oferta de matérias-primas para a Europa e tornar mais transparente o mercado de commodities na região. Mas não acusou os especuladores de provocar a alta dos preços de alimentos e energia. Os planos foram revelados num documento estratégico sobre matérias-primas, que antes mesmo de sua divulgação já havia provocado discussões sobre o impacto dos derivativos financeiros nos mercados de commodities.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, criticou na semana passada uma versão do texto que negava evidências de que os derivativos conduzem os preços das commodities. Parágrafos controversos foram retirados da versão final do documento. Em vez disso, a Comissão diz que "é, no entanto, complexo identificar qual é o sentido do fluxo de causalidade na interação entre mercados físicos e financeiros."
A UE está pronta para considerar a elaboração de um programa para garantir o abastecimento de matérias-primas, segundo a Comissão Europeia, observando que a questão da oferta global deve se entrelaçar mais com as negociações internacionais. A UE buscará garantir que a oferta não seja distorcida por barreiras comerciais. Para isso, atribuirá mecanismos de monitoração e, se necessário, julgará disputas comerciais.
A Comissão considera o acesso às matérias-primas essencial para o crescimento econômico no futuro. Alguns minerais terrosos raros são especificamente cruciais para fabricação de produtos de alta tecnologia, telecomunicações e energia limpa, por meio dos quais a UE enfatiza a construção de seu desenvolvimento econômico e da competitividade internacional.
O documento diz que a Comissão examinará se os reguladores de mercado precisam de mais autoridade para limitar as posições de especuladores nos mercados de commodities. No ano passado, os Estados Unidos deram à Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC) autoridade para estabelecer restrições. Na ocasião, o comissário da UE para regulação dos mercados, Michel Barnier, afirmou que o bloco deveria caminhar no mesmo sentido.
A Comissão também quer tornar esses mercados mais transparentes ao determinar quando os derivativos de commodities devem ser negociados exclusivamente em bolsas ou em outros "lugares de negociação organizada". Novas regras de derivativos vêm sendo debatidas na UE e provavelmente exigirão que os traders inscrevam as transações em registros centralizados, oferecendo aos reguladores mais informação sobre os mercados. As informações são da Dow Jones.
Fonte: O Estado de São Paulo. Por Filipe Domingues da Agencia Estado. 2 de fevereiro de 2011.