Pesquisa identifica as mais importantes decisões que os governantes devem tomar hoje e nos próximos anos para garantir que a população mundial possa ser alimentada de forma sustentável.
O trabalho de 14 pesquisadores da Embrapa contribuiu para as conclusões do “Relatório Foresight ─ O Futuro da Alimentação e agricultura: desafios e opções para a sustentabilidade global”, coordenado pelo governo britânico. O convite foi feito pelo chefe do Gabinete do Governo Britânico para a Ciência, professor Jonh Beddington, em fevereiro de 2009.
O estudo analisa as principais pressões sobre o sistema alimentar mundial até 2050. A pesquisa identifica as mais importantes decisões que os governantes devem tomar hoje e nos próximos anos para garantir que a população mundial possa ser alimentada de forma sustentável. O relatório ajuda a identificar uma ampla agenda de ações possíveis para que a agricultura possa enfrentar os desafios futuros na produção mundial de alimentos.
De acordo com o coordenador do estudo pela Embrapa, pesquisador Carlos Santana, o Brasil ocupa papel de destaque em âmbito internacional. O reconhecimento devido ao desenvolvimento tecnológico de sua agricultura foi fundamental para que a empresa subsidiasse o relatório. “O fato de o Brasil ser considerado um dos principais países produtores de alimentos, fibras e produtos agroenérgicos do mundo, entre outros fatores, motivou o convite feito à Embrapa”, explicou.
O estudo “Capacidade Produtiva da Agricultura Brasileira: Perspectiva de Longo Prazo” foi elaborado por uma equipe formada por profissionais da Secretaria de Gestão Estratégica e Assessoria da Presidência da Embrapa e pelas unidades Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP) e Embrapa Estudos e Capacitação (Brasília/DF). O material contribuiu para elaboração das conclusões do relatório com relação à importância de expandir os investimentos na geração de novas tecnologias e inovações agropecuárias.
“Conseguimos mostrar o impacto da utilização de tecnologias mais produtivas sobre a área necessária para alcançar a produção estimada nos estados responsáveis por 80% da produção nacional no período de 2010-2030”, explicou Carlos Santana.
O pesquisador esclareceu ainda que o documento alerta para a necessidade de se investir no desenvolvimento de novas variedades e tecnologias. Estas devem adaptar-se à produção agrícola a temperaturas mais elevadas, em decorrência das mudanças climáticas. No caso do Brasil, isso recai principalmente para os cultivos de soja, trigo e café, “já que apresentam maior perspectiva de perdas em um cenário de temperaturas médias mais elevadas”.
Conclusões
O relatório Foresight apresenta as conclusões obtidas a partir da avaliação dos desafios futuros do sistema alimentar e agroenérgico. Segundo Santana, fatores como aumento da população global; a mudança nos padrões alimentares e no volume do consumo per capita de produtos agrícolas; a competição pelos recursos terra, água e energia, determinaram as mudanças observadas no estudo.
A análise resultou na definição de cinco desafios, examinados de forma disciplinar por 400 especialistas das ciências naturais e sociais envolvidos no projeto. Os desafios são: equilibrar demanda e oferta futuras de forma sustentável; reduzir a volatilidade no sistema alimentar; diminuir a fome; reduzir a emissão de gás de efeito estufa; e alimentar o mundo mantendo a biodiversidade e os serviços ambientais.
O estudo traz uma perspectiva positiva, nos próximos 20 anos, da capacidade produtiva da agricultura brasileira. “A produção nacional de grãos, cana de açúcar, café e carne bovina deverá crescer entre 47% e 68% (dependendo do produto considerado), acima da média observada em 2007-2009, sem colocar forte pressão sobre a expansão de área, nem ameaçar a sustentabilidade ambiental e ocasionar grandes perdas de biodiversidade. Com exceção do trigo, o consumo doméstico desses produtos será atendido pela produção interna mantendo o país em destaque nos mercados internacionais de soja, açúcar, café, algodão e carne bovina”, explicou o pesquisador Carlos Santana, da Embrapa.
Fonte:
MAPA. Por Juliana Freire, Embrapa. 10 de fevereiro de 2011.
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