Depois de divulgarem dezenas de pesquisas convergentes sobre as últimas safras brasileiras de grãos, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério da Agricultura, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vinculado ao Ministério do Planejamento, voltaram a divergir consideravelmente.
Em levantamentos divulgados ontem, a Conab estimou uma produção recorde de 153,1 milhões de toneladas, ante as 149,4 milhões previstas em janeiro e as 149,2 milhões da temporada (2009/10). Já o IBGE projetou que a colheita nacional ficará em 146,8 milhões de toneladas este ano, ante as 145,8 milhões estimadas em dezembro e as 149,5 milhões do ciclo anterior.
Parte dessa diferença pode ser explicada pelo fato de o IBGE ainda não ter projeções novas para as safrinhas complementares e produções de inverno. Assim, enquanto o instituto manteve sua previsão de queda de 12,3% para a colheita da safrinha de milho, a Conab trabalha com um cenário de retração de 1,1%. Outro exemplo é o feijão, cuja 3ª safra será 9,6% menor segundo o IBGE e 4% mais magra nas contas da Conab.
Outra parte da diferença, entretanto, decorre de horizontes radicalmente distintos traçados para a colheita de soja, o carro-chefe do campo brasileiro em produção, valor e exportações. Em linha com as principais consultorias privadas brasileiras e estrangeiras, a Conab elevou sua projeção para a produção nacional para 70,1 milhões de toneladas em 2010/11, ante as 68,6 milhões estimadas em janeiro e as 68,7 milhões de 2009/10. O IBGE, em contrapartida, espera 67,6 milhões de toneladas no ciclo atual, 1,2% menos que no anterior.
A área plantada com o grão estimada pela Conab (24,1 milhões de hectares) é 1,7% superior à apurada pelo IBGE, enquanto a produtividade aguardada pela primeira é também 1,7% maior que a estimada pelo segundo. Resultados desse cruzamento são as 2,5 milhões de toneladas a mais do balanço da Conab. Os eventuais transtornos que uma diferença como essa pode ocasionar serão creditados ao La Niña, que para a Conab está mais ameno que o inicialmente previsto. Ambos os órgãos informam em seus levantamentos que os trabalhos foram feitos em estreita colaboração mútua.
Mais em www.conab.gov.br e em www.ibge.gov.br
Fonte:
Valor Econômico. Por Fernando Lopes. 10 de fevereiro de 2011.
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