Um dos principais limitantes dos sistemas de produo de leite no Brasil a estacionalidade de crescimento das forrageiras tropicais, que se caracterizam por apresentar elevada produo de matria seca durante a estao chuvosa e quente do ano, reduzindo na estao fria e seca.
Este fato limita o desempenho individual das vacas e a produo por unidade de rea e, consequentemente, a rentabilidade do produtor de leite.
Uma das alternativas para minimizar esse problema refere-se utilizao da cana-de-acar, que consiste em recurso forrageiro largamente empregado na alimentao dos rebanhos leiteiros no Brasil Central, durante a estao fria e seca do ano.
A CANA-DE-ACAR NA ALIMENTAO DO REBANHO
A cana-de-acar uma forrageira com elevada capacidade de produo de matria seca e com elevada concentrao de carboidratos de rpida degradabilidade ruminal.
No entanto, sabe-se que para otimizarmos a produtividade de animais alimentados com dietas base de cana-de-acar dever ser estabelecida uma digesto ruminal estvel, visando otimizar a eficincia do crescimento microbiano e maximizar a digestibilidade da fibra.
Entre os fatores mais importantes que influem no crescimento microbiano com dietas base de cana-de-acar, a necessidade de nutrientes essenciais para os microrganismos ruminais (nitrognio amoniacal, enxofre, cidos graxos de cadeia ramificada, aminocidos e peptdeos) merece destaque especial.
Dentro deste contexto, a maior limitao dessa forrageira ocorre no ponto de vista nutricional, principalmente pelo reduzido consumo de matria seca dos animais devido aos baixos teores de protena, elementos minerais (mais limitante o fsforo), outros compostos nitrogenados e baixa digestibilidade dos componentes da parede celular.
Estas limitaes inviabilizam o uso da cana-de-acar para a alimentao de ruminantes como alimento exclusivo, sem as devidas correes de suas carncias nutricionais, principalmente o teor de protena,
conforme a categoria e o nvel de produo animal.
Para formulao de dietas baseadas em cana-de-acar para bovinos leiteiros, deve-se estar atento grande variao nos valores nutricionais das cultivares da forrageira quando se espera resultado em produo de leite. Veja a tabela 1.
Embora seja consolidada a correo de uso com nitrognio no protico oriundo da uria, as dietas baseadas em cana-de-acar precisam ser corrigidas com suplemento mineral de boa qualidade para serem utilizadas eficientemente na alimentao de bovinos leiteiros.
Essas correes, associadas com a utilizao de variedades melhoradas de cana-de-acar, com altos teores de acar e baixos teores de fibra, proporcionam alto consumo do alimento e melhoram o desempenho produtivo do rebanho.
Como o acar da cana varia com a cultivar, ano de colheita, estgio de maturidade, entre outros, um mtodo simples de se estimar o nvel de uria a ser adicionado na cana atravs da frmula: uria na cana de acar (g uria/kg de cana in natura) = 0,6 Brix (94,8 - 1,12 Brix) / (100 - Brix). O nvel de 1% corresponde a 17 Brix.
Considerando a evoluo no rendimento em acar das novas variedades de cana utilizadas pelas indstrias de acar, que esto disponveis para uso pelos criadores de bovinos leiteiros, talvez hoje, a necessidade de adio de uria seria, no menor, mas, maior que 1%, isto , 1,15% a 1,25%.
Se isto for passvel de verificao, constituiria ferramenta economicamente benfica aos produtores de leite.
Neste sentido, os sistemas de nutrio e formulao de raes para ruminantes evoluram do conceito de utilizao da protena bruta (PB) como referencial protico para as adequaes das raes em protena degradvel no rmen (PDR) e em protena metabolizvel (PM).
O uso dessas ferramentas permite teoricamente, formular raes que supram as exigncias da populao microbiana em compostos nitrogenados (PDR) e as exigncias do animal, em aminocidos absorvveis no intestino delgado (PM). Dessa maneira possvel melhorar a eficincia de utilizao da protena e diminuir a sua excreo para o ambiente.
Quando raes com cana de acar corrigidas com 1% de uria ou da mistura uria e sulfato de amnio (9:1) so avaliadas por meio do programa do NRC (2001), h indicao de excesso de PDR e deficincia de PM para vacas com produes dirias superiores a 10kg de leite.
Caso as predies do NRC (2001) estejam corretas, a produo de leite ser prejudicada, a demanda energtica para a excreo do excesso de amnia ser elevada e poder haver prejuzos de ordem reprodutiva.
Ademais, como demanda mais recente, o excesso de nitrognio (N) liberado poder levar contaminao ambiental.
Considerando o preo do quilo de PB da uria em relao do farelo de soja ou de qualquer outro concentrado protico de origem animal ou vegetal a relao ser, por muito tempo ainda, favorvel uria, mas devem-se adequar as raes em protena degradvel no rmen (PDR) e em protena metabolizvel (PM) de acordo com as exigncias dos animais.
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