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Volumoso Suplementar in natura: capim elefante ou cana-de-açúcar?


Quarta-feira, 31 de maio de 2006 - 13h16

Engenheira Agrônoma e Doutora pela ESALQ-USP, Coordenadora de Projetos Boviplan Consultoria.


por rodrigo paniago O uso de capineiras para o fornecimento de volumoso como alimentação suplementar é prática comum em toda região central do Brasil. Capim elefante O capim elefante é fonte tradicional de suplementação volumosa na seca, isto se dá, principalmente, pelo seu alto potencial de produção (> 100 toneladas de matéria verde por hectare ao ano). No entanto, esta técnica apresenta algumas desvantagens ligadas à qualidade nutricional e a operacionalidade de corte, por ocasião de seu fornecimento. Fornecimento nas águas Como o capim deve ser cortado todo dia, para ser fornecido picado aos animais, no fornecimento durante o período das águas é necessário o uso de talhões de tamanhos diferentes, pois as variações climáticas (luminosidade, pluviosidade e temperatura) não permitem produção uniforme entre eles. Fornecimento na seca Já para o fornecimento durante na seca, a produção é muito baixa, forçando com que o material a ser coletado seja de produção oriunda do período chuvoso. Assim, estar-se-á fornecendo plantas com mais de 120-150 dias de idade, ou seja, capim de baixo teor de proteína (< 6,0% de proteína bruta na matéria seca) e teor de digestibilidade também baixo (< 55,0% da matéria seca). Fatores de risco e desvantagens Este sistema pode apresentar problemas por ocasião do corte, caso ocorra chuvas em excesso, impedindo a colheita mecanizada e forçando a utilização de corte manual, ou mesmo quando da quebra do maquinário. Em determinadas regiões do país a geada também pode ser um fator de risco para esta tecnologia. A necessidade de se colher diariamente o capim torna-se um fator de risco, que pode vir a limitar o tamanho do rebanho a ser suplementado com esta opção. Também é fator de risco a dificuldade em se prever a produção que será obtida por ocasião do corte. Para suplantar esta adversidade o produtor é obrigado a destinar uma área maior para garantir o fornecimento do volumoso, tomando espaço de outra atividade que possibilitaria um incremento de renda na propriedade. Vantagens Uma vantagem do fornecimento capim elefante pode ser identificada quando do seu fornecimento nas águas, quando comparado à cana de açúcar, pois neste período a cana ainda não apresentou o seu máximo potencial de produção, sendo portanto, preterida como opção volumosa suplementar no período chuvoso do ano. Cana de açúcar A cana de açúcar verde picada, como suplementação volumosa, está entre as técnicas mais utilizadas pelo produtor brasileiro e possui algumas características vantajosas, tais como: - Alta produção por área (90 a 120 toneladas por hectare ao ano em cultura de sequeiro); - Baixo custo de produção e; - O período de maior disponibilidade de matéria verde desta opção forrageira coincide com o período seco. Fatores de risco e desvantagens No entanto, existem algumas restrições quanto à mecanização do corte da planta, pois as máquinas disponíveis no mercado são de baixo rendimento e, devido ao alto desgaste na colheita, necessitam de constante manutenção. Como conseqüência, os canaviais submetidos ao corte mecanizado, geralmente, alcançam vida útil menor do que o colhido manualmente. Assim como as capineiras de capim elefante, existe a dificuldade de se prever precisamente a produção no momento do corte do canavial. A opção por uma área superior, a fim de garantir o fornecimento, pode provocar excedente desnecessário no campo. Caso este excedente não seja colhido na mesma safra acabará por acamar, obrigando que o corte desta sobra passe a ser exclusivamente manual, além de ser de baixa qualidade nutricional. Da mesma forma, a necessidade de corte diário do canavial é fator de grande risco para o trato de animais confinados, dificultando o seu uso para rebanhos muito grandes, quando produzido como única fonte de volumoso na propriedade. Com o fato de se efetivarem colheitas por talhões, esta forma lenta de colheita da área provocará um maior número de ocorrências de operações de tratos culturais, como adubação e controle de plantas invasoras. Outra desvantagem, muito conhecida dos produtores que se utilizam desta técnica, reside na susceptibilidade do canavial à ocorrências de geadas, incêndios e ataques de pragas, notadamente da cigarrinha. Vantagens Apesar das desvantagens apresentadas a cana de açúcar para fornecimento in natura é a opção de menor custo dentre os volumosos e, evidentemente, de qualidade muito superior ao fornecimento de capim elefante picado na seca, o que torna esta a melhor opção para o fornecimento de volumoso suplementar no período seco do ano, dentre as opções de “estoque em pé de forragens”.
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