Na atualidade, um dos maiores problemas da pecuária brasileira é a degradação de pastagens. Dos 50 a 60 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil Central, estima-se que 80% (correspondentes a 55% da produção nacional de carne) estão em algum estágio de degradação.
Degradação de pastagens foi definida por MACEDO (1993) como sendo o processo evolutivo de perda de vigor, de produtividade, de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e plantas invasoras, culminando com a degradação avançada de recursos naturais em razão de manejo inadequado.
De forma geral, a degradação de pastagens está ligada ao estabelecimento e ao manejo da forragem. Dentre as diversas causas da degradação, estão: a má formação inicial (práticas de conservação de solo, preparo do solo, correção e adubação, má escolha da espécie forrageira, sistemas e métodos de plantio, incompatibilidade entre as espécies consorciadas), práticas culturais (uso rotineiro de fogo, excesso de roçadas) e manejo animal (lotação acima do recomendado, sistema inapropriado de pastejo).
Apesar da dificuldade em se estabelecer critérios quanto ao estágio de degradação de pastagens, alguns podem ser facilmente identificados e são característicos da maioria das pastagens degradadas: distúrbios fisiológicos da espécie dominante; mudança na composição botânica; invasão por novas espécies (STODDART
et al., 1975, citado por BRANCO, R.H., 2000). Os estágios iniciais são marcados pela redução em quantidade e qualidade da forragem, os mais avançados, pelo desaparecimento parcial ou total da espécie dominante e, finalmente, o desenvolvimento ou até o desaparecimento das invasoras, comprometendo as condições de estabilidade do solo.
Pode-se evitar a degradação com o uso de técnicas que mantenham a produção de forragem no nível adequado, considerando-se a relação planta, animal e meio (clima e solo) no ecossistema da pastagem e o sistema de manejo adotado, através da recomposição da fertilidade e conservação do solo, preservação da matéria orgânica e sistema de retenção de água, ou seja, recuperação da infra-estrutura ambiental mínima para a reativação das funções ecofisiológicas.
Para a decisão de qual método utilizar para restabelecer a pastagem, é necessário saber a diferença entre recuperação (restabelecimento da produção mantendo-se a mesma espécie) e renovação (restabelecimento da produção introduzindo uma nova espécie). Para essa escolha é essencial fazer um diagnóstico da área, levantamento da quantidade da espécie dominante, o número e tipo de plantas invasoras e definir o sistema de produção que será implantado após a recuperação ou renovação (MACEDO
et al., 2000). De acordo com OLIVEIRA (2000) os seguintes critérios podem ser usados para a tomada de decisão quanto à recuperação ou renovação da pastagem:
A recuperação ou a renovação pode ser feita de forma direta (apenas práticas mecânicas, químicas e agronômicas são utilizadas no processo, sem o cultivo de outra cultura antecedente), ou indireta (uso intermediário de lavouras ou pastagens anuais).
Quanto mais avançado o estágio de degradação, mais drásticas as intervenções que deverão ser feitas, mais operações deverão ser realizadas, mais elevados os custos e menor a possibilidade de recuperação.
O sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) também é utilizado na recuperação e renovação de pastagens. Além de recuperar a fertilidade do solo, melhorara suas condições físicas e biológicas, produz pasto e forragem para a alimentação animal na época seca, produz grãos, reduz infestações de doenças, pragas e invasoras, reduz custos das atividades agrícola e pecuária e diversifica a renda do produtor.
De forma geral, o sistema ILP funciona com a semeadura de uma cultura (milho, sorgo, arroz ou soja) associada a uma espécie forrageira no verão. Depois de colhida a cultura, seja para grão ou para silagem, haverá a disponibilidade da forragem e também o resto da cultura de verão para alimentação dos animais no inverno.
Bibliografia
BRANCO, R. H. DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS. DIMINUIÇÃO DA PRODUTIVIDADE COM O TEMPO. CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE. Trabalho apresentado como parte das exigências da disciplina de Forragicultura – ZOO 650 da Universidade Federal de Viçosa. UFV, 2000.
MACEDO, M.C.M. Recuperação de áreas degradadas: pastagens e cultivos intensivos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO SOLO, 7, Goiânia, 1993.
Anais...Goiânia: SBSC, 1993. p. 71-72.
MACEDO, M.C.M.; ZIMMER, A.H. Sistema pasto-lavoura e seus efeitos na produtividade agropecuária. In Favoretto, V.; Rodrigues, L.R.A.; Reis, R.A. (eds). SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMAS DE PASTAGENS, 2, 1993, Jaboticabal.
Anais... Jaboticabal: FUNEP, UNESP, 1993, P. 216 – 245.
MACEDO, M.C.M.; KICHEL, A.N.; ZIMMER, A. H. DEGRADAÇÃO E ALTERNATIVAS DE RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO DE PASTAGENS. Embrapa – Gado de Corte. Comunicado Técnico n062, novembro/2000, p. 1-4.
OLIVEIRA, P.P.A.; CORI, M. Recuperação de pastagens degradadas para sistemas intensivos de produção de bovinos, 2006. 23p. (Embrapa Pecuária Sudeste, Circular Técnica, 38). Disponível em:
http://www.cppse.embrapa.br/ servicos/publicacoesgratuitas/circular-tecnica/circular387.pdf/view
STODDART, L.A.; SMITH, A. D.; BOX, T.W.
Range management. New York: Mcgraw – Hill Book, 1975, 432 p.
Carina Mendes – engenheira agrônoma pela Esalq/USP. Técnica da Boviplan Consultoria, na área de desenvolvimento de projetos e controle de qualidade de alimentos para nutrição animal.
Acadêmica de Engenharia Agronômica Daniele do Carmo Balestrin
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