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Adubação nitrogenada: Eficiência e custos


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Quarta-feira, 28 de janeiro de 2009 - 11h54


Atualmente, é grande o interesse de técnicos e produtores pela intensificação de sistemas de produção de leite a pasto. Para adotar esta tecnologia é imprescindível investir na fertilidade do solo para garantir o aumento de produção de forragem e, conseqüentemente, da produtividade animal (kg de leite/ha/ano). Entretanto, quando o produtor optar pela adubação de pastagens, ele terá que saber, para fins de planejamento, a eficiência técnica e econômica do uso do nutriente do fertilizante. NITROGÊNIO E SUA FUNÇÃO O nitrogênio é o macroelemento mais ausente no solo e o mais importante em termos de quantidade necessária para maximizar a produção das pastagens e aumentar a sua capacidade de suporte. O potencial de resposta das pastagens tropicais é da ordem de 1.600 kg/ha/ano, embora a eficiência de utilização seja reduzida a partir de 300 kg/ha/ano. Em sistemas mais intensivos de produção de leite, as adubações nitrogenadas se situam entre 150 e 250 kg/ha/ano, dependendo do sistema de utilização da forragem (corte, pastejo ou fenação). Todavia, a maior eficiência de uso e a resposta em termos de produção animal somente ocorrerão quando os demais nutrientes estiverem em níveis adequados no solo e a pastagem for manejada adequadamente para que os animais aproveitem a forragem produzida. O nitrogênio melhora o valor nutritivo da forragem (proteína bruta e maior proporção de folhas), promovendo aumento da taxa de passagem da forragem e maior consumo animal. FONTES DE NITROGÊNIO A fonte do fertilizante nitrogenado pode interferir sobre o resultado econômico da adubação nitrogenada em pastagens. Existem várias fontes de nitrogênio que podem ser usadas em pastagens. As mais comuns são a uréia (44% a 46% N), o sulfato de amônio (20% a 21% N) e o nitrato de amônio (32% a 33% N), sendo que todas essas fontes apresentam vantagens e desvantagens. Pelo lado biológico, o uso de diferentes fontes visa aumentar a recuperação do N aplicado no sistema solo-planta, minimizar as perdas de N-fertilizantes ou, ainda, fornecer nutrientes às plantas forrageiras em adição ao N. URÉIA Tem como vantagem o menor custo por quilograma de N, mas comumente, mostra maior perda de N por volatilização (acima de 30%). Apresenta alta concentração de N, é de fácil manipulação e causa menor acidificação no solo, o que a torna potencialmente superior a outras fontes, do ponto de vista econômico. Com o objetivo de reduzir as perdas de amônia por volatilização, em comparação com o uso exclusivo de fontes nítricas e amoniacais, tem sido proposto o uso de misturas de sais (geralmente sulfato ou cloreto) com a uréia. SULFATO DE AMÔNIO Apresenta vantagens de menor perda de N e ser fonte de enxofre (24% S), embora apresente maior custo por quilograma de N em comparação com a uréia. Contudo, a desvantagem da utilização do sulfato de amônio é a maior acidificação do solo. A aplicação do nitrogênio deve ser feita tomando-se muita atenção às condições climáticas e ao estágio de desenvolvimento das plantas, sendo feitas preferencialmente com solo úmido e a pastagem apresentando uma boa cobertura de matéria verde. Em termos gerais, a recomendação de dose precisa ser dividida (parcelada) em aplicações visando nutrir a planta no momento crítico de seu desenvolvimento. EFICIÊNCIA A eficiência biológica do uso de fertilizantes nitrogenados em pastagens depende da: 1) eficiência de conversão do N-fertilizante em forragem (kg MS/kg N aplicado); 2) eficiência de pastejo (proporção da forragem acumulada que é consumida pelo animal); e 3) eficiência de conversão da forragem consumida em produto animal (kg MS/kg de leite produzido). A amplitude encontrada na razão kg MS/kg N (15 a 45) é reflexo da espécie forrageira, dos níveis de adubação com outros nutrientes, do histórico da área, do manejo da pastagem, da estratégia de manejo do N (dose, fonte e forma de parcelamento do N aplicado) e das características de clima e de solo da região, que interferem tanto na capacidade da planta em responder ao fertilizante nitrogenado como na recuperação e perda do N aplicado. Na prática, a eficiência de pastejo é da ordem de 40% a 45%, em razão da deficiência no monitoramento e na implementação de ajustes no manejo, que determinam menor flexibilidade no manejo da pastagem. Em condições favoráveis de manejo, é possível atingir níveis superiores a 55% de eficiência de pastejo. Como meta geral, a adubação nitrogenada deve promover o aumento da produção de forragem, que deve refletir em aumento na taxa de lotação sem que haja alteração substancial na oferta de forragem. A etapa de conversão do alimento em leite (kg/ha/ano) depende da qualidade da forragem e de fatores do animal (potencial genético, estágio de lactação etc.). O manejo voltado para maximizar a produção de leite por hectare (colheita de forragem de melhor valor nutritivo por animal de elevado potencial genético) aumenta a eficiência de uso do N-fertilizante, porque a quantidade de massa seca de forragem para produzir um quilograma de leite diminui. Além disso, a eficiência bioeconômica da adubação nitrogenada em pastagens depende da interação entre a eficiência de conversão do N-fertilizante em forragem (kg de MS/kg de N aplicado), da eficiência com que a forragem é consumida pelo animal (eficiência de pastejo) e da eficiência com que a forragem é convertida em produto animal (kg de MS/kg de leite produzido). O resultado dessas três eficiências parciais define a eficiência de conversão do N-fertilizante em produto animal (kg leite/kg de N aplicado), que quando associada com a relação de troca entre preços de insumos ou do próprio leite produzido, determina a eficiência bioeconômica da adubação nitrogenada de pastagens. Este resultado depende da produção diária por vaca, do sistema de pastejo e da pressão de pastejo (Tabela 1). Vale destacar que a decisão pela intensificação no uso de fertilizantes em pastagens depende do nível utilizado de fertilizante (kg de N/ha), da proporção de área de pastagem adubada e do período de tempo projetado para a intensificação do sistema. Essa proposta é particularmente verdadeira quando se considera que o principal objetivo do pecuarista, ao usar o fertilizante nitrogenado, é elevar a taxa de lotação da fazenda, o que pode ser obtido por diferentes combinações entre nível e proporção de intensificação na adubação, para uma dada quantidade de N-fertilizante utilizada na fazenda. FINAL Vale lembrar que com maior valor da terra, aumenta-se a pressão para a intensificação no nível e na proporção de adubação de pastagens, para possibilitar que o empreendimento de pecuária seja capaz de competir favoravelmente com as alternativas de uso da terra. Contudo, conforme se aumenta o nível e a proporção de adubação na fazenda, os riscos associados à atividade de pecuária também aumentam. Dentro deste contexto, a utilização de fertilizantes nitrogenados em pastagens deve estar associada à maior profissionalização da pecuária leiteira, sendo necessário direcionar esforços para aprimorar a gestão do negócio e para maximizar as eficiências parciais de todas as etapas envolvidas na produção de leite em pastagens adubadas com N. ricardo dias signoretti é engenheiro agrônomo, doutor em produção animal, pesquisador científico/ apta colina-sp e consultor da coan consultoria.
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