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Scot Consultoria

O país esquartejado


por Alma

Segunda-feira, 3 de maio de 2010 - 13h10

Fernando Sampaio é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP, especialista em mercado de carnes pela ESA Angers. Pensador em tempo integral, cronista nas horas vagas. Seu dia foi cheio? Está cansado de ver preços e números? Leia a coluna do Alma e relaxe. Coluna do Alma, para você não se esquecer das outras coisas da vida.


Meus pais hoje vivem em Cananéia, uma cidadezinha histórica no litoral sul de São Paulo. Cananéia foi fundada por Martim Afonso de Souza, o primeiro governador geral do Brasil, em 1531. É uma das primeiras cidades do país, e um dos marcos iniciais da nossa colonização. Dali saiu a primeira Bandeira feita em terras brasileiras. Os povos indígenas que ali viviam foram assimilados e miscigenados, tornaram-se junto com portugueses e negros, a semente do povo brasileiro. Mais de 470 anos após sua fundação, índios começaram a aparecer nas ruas de Cananéia. Vivem em uma Área de Proteção Ambiental, e aparecem na cidade para mendigar e recolher cestas básicas dadas pelo governo. Esses índios, guaranis, foram importados da fronteira argentina e levados até Cananéia. A troco de quê, ninguém sabe. Mas sabe-se que há organizações interessadas em demarcar terras indígenas no Vale do Ribeira. Essa picaretagem acontece hoje em proporções nacionais, e foi denunciada essa semana em uma reportagem da revista Veja, que deve ser lida, relida, divulgada aos quatro ventos, levada ao nossos congressistas, discutida e encarada. Um relatório da FAO do início deste ano, intitulado The State of Food and Agriculture, estipulou que para alimentar 9,2 bilhões de pessoas (a população mundial esperada para 2050), a produção de alimentos teria que dobrar nos países em desenvolvimento nos próximos anos. Fornecer alimentos para um mundo em crescimento, e que está tornando-se mais rico, é uma oportunidade de riqueza futura sem precedentes para o Brasil. Como nosso espaço, recursos naturais e a melhor tecnologia e informação em agricultura tropical do mundo, somos capazes de sustentar nosso crescimento e ainda alimentar o resto do mundo. O agronegócio, no entanto, é demonizado exatamente por esses setores organizados da sociedade, financiados por fontes obscuras, interessados em esquartejar o território nacional através de uma indústria de demarcações criminosa, enganosa e sem sentido, que irá paralisar o desenvolvimento do país e nos roubar esse futuro promissor. Mais de 2/3 do país estão imobilizados em reservas, terras indígenas e parques. Com as demandas ainda não atendidas, pode-se chegar aos 90% do país, um crime contra nossa economia e nosso futuro. Quilombolas que nunca foram negros, índios de araque com cocar de carnaval, assentamentos que não produzem nada. É preciso dar um BASTA, e dar passagem ao país que produz.
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