A iniciativa é das mais meritórias e merece mais considerações do que aquelas que podemos fazer no curto espaço de um artigo. Foi assim que encerramos o artigo sobre o CONSELEITE PARANÁ, na edição anterior deste informativo. Então voltemos ao tema.
O grande mérito desta iniciativa está no fato de os diferentes atores envolvidos na atividade leiteira sentarem-se à mesma mesa, com espírito aberto, transparência e harmonia, com o saudável objetivo de, somando esforços e entendimentos recíprocos, organizarem a cadeia agroindustrial do leite no Paraná.
Tenho convicção que isto representa um passo decisivo, no sentido de conduzir o agronegócio leite no rumo de alcançar um grau de eficiência semelhante ao da cadeia agroindustrial do frango.
As características básicas do Conseleite Paraná são as seguintes*:
- É um conselho paritário que reúne representantes dos produtores leiteiros (indicados pela FAEP) e das indústrias de laticínios (indicadas pelo Sindileite).
- Há rodízio anual da presidência e da vice-presidência.
- É uma associação civil regida por estatuto e regulamentos próprios, definidos em comum acordo entre as partes.
- Determina a metodologia para o cálculo de preços de referência para o pagamento da matéria-prima (leite) ao produtor.
- Divulga mensalmente os preços médios de comercialização dos derivados do leite e os valores de referência para a remuneração da matéria-prima.
- A UFPR (Universidade Federal do Paraná), por termo de convênio, realiza o levantamento dos preços junto às empresas.
FORMAÇÃO DO PREÇO REFERÊNCIA
O preço de referência determinado pelo Conseleite constitui-se no ponto básico para pautar as negociações entre as indústrias e os produtores. Este preço é determinado, seguindo a metodologia previamente estabelecida e divulgado pelo Conselho na primeira quinzena de cada mês, referindo-se ao valor referencial para o leite comercializado no mês anterior.
Paralelamente, esse Conselho publica o preço referencial para o mês em curso, baseado no desempenho das vendas dos produtos lácteos nos primeiros 10 dias. Isto propicia que os produtores sintam as tendências do mercado para o restante do mês.
São inúmeras as vantagens advindas deste sistema. Talvez a mais importante seja o clima de confiança e transparência entre produtores e indústrias que passaram a comungar esforços na busca de objetivos comuns.
Grandes e pequenos produtores foram beneficiados pela implantação do Conseleite. Não apenas por terem um valor de referência para negociar o seu produto, e isto é muito importante, mas por adquirirem conhecimentos sobre o comportamento do mercado lácteo. Isto propicia ações de planejamento em função do conhecimento antecipado das tendências de preços. Outra questão de grande relevância conseqüente à implantação deste sistema foi o estabelecimento de contratos de compra e venda de leite, o que proporciona uma relação mais estreita entre indústrias e produtores num clima de acentuada fidelidade.
Iniciativas como esta (criação do Conseleite Paraná), partindo espontaneamente de pessoas ou grupos envolvidos num mesmo processo e buscando com transparência e honestidade as soluções para problemas comuns, fortalecem a minha convicção de que a solução dos grandes problemas nacionais virá cada vez mais da iniciativa privada e não da classe política.
Com renovadas esperanças, desejo um ANO NOVO PLENO DE REALIZAÇÕES aos leitores e à minha “tribo” de Bebedouro.
Bibliografia Consultada: Desenvolvimento Integrado da Cadeia Láctea – O Conseleite Paraná – Ronei Volpi e Maria Silvia Digiovani.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS