Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.
Já foi o tempo em que a classe média brasileira era capaz de manter um padrão de vida que lhe permitia contemplar qualidade de vida.
Consumindo inúmeros serviços, muitos dos quais seriam obrigatoriamente oferecidos pelo setor público (educação e saúde só para citar dois), essa classe viu sua renda líquida ser drasticamente reduzida ao longo do plano real.
A renda foi consumida por vários flancos: pelo aumento da despesa, à medida que muitos serviços não possuem concorrentes no âmbito interno e, ainda, pelo achatamento da receita, dado pelo impacto da inflação (baixa, todavia no acumulado, elevada) sem a devida reposição, bem como pelo aumento dos impostos incidentes sobre a renda (imposto de renda e contribuição previdenciária) e ainda pelo próprio desemprego que se acentuou nos últimos anos.
Fui buscar uma imagem que retratasse de forma mais fiel a que foi remetida a classe média, e penso que a figura do carro popular é a mais emblemática. Já foi o tempo que essa classe acessava veículos com maior luxo. Sobrou o carro popular, e o que é pior, financiado.
A classe média brasileira está em uma encruzilhada: se parar é "engolida" e se correr não sabe aonde chegará.
O carro popular é uma das conseqüências do preço pago pela classe média para garantir a estabilidade econômica no Brasil.
Chegou à hora de dividir esse ônus.