Escrevi um artigo elogiando em parte a atuação firme do Banco Central Brasileiro. Foram ações pontuais diante das incertezas que a crise apresentava.
Acontece que essas ações não foram suficientes para uma reversão definitiva das expectativas pessimistas quanto ao desempenho futuro de nossa economia.
Talvez as autoridades econômicas compraram a idéia do Presidente Lula de que aqui no Brasil teríamos somente uma “marolinha” e com isso não atacaram o centro da questão.
As conseqüências da crise podem ser analisadas por vários ângulos, entretanto vamos avaliar do ponto de vista econômico e do ponto de vista comportamental.
Economicamente falando é certa a queda no nível de atividade, um relacionamento com setor externo mais difícil, quer pela queda provável de demanda, quer pelo encarecimento dos produtos importados e períodos de desequilíbrio macroeconômico.
Do ponto de vista comportamental se observa uma queda no nível de confiança dos agentes econômicos. E é exatamente aí que um trabalho mais contundente por parte do governo poderia agir. E isso se dá não com recomendações do tipo “gastem mais”, mas oferecendo a ração que o mercado deseja receber.
Que ração é essa? Impacto forte nas decisões. Não com toses homeopáticas, mas sim, com decisões na proporção que o momento necessita. O que menos precisamos neste momento é de titubeio por parte das autoridades. Neste particular nos parece que há dois mundos: o mundo do Ministro da Fazenda, que finalmente mudou seu discurso, admitindo a crise, e o mundo do Presidente do Banco Central, que nos passa a imagem de ser mais centrado, mas também dá a impressão de se estar acuado.
Aumentar a liquidez do sistema, penalizar bancos que não querem emprestar, aportar recursos setoriais, garantir crédito aos exportadores e ao setor agrícola, monitorar o câmbio, controlar preços, entre outros, vão no sentido de dar novos contornos a crise, contudo, isoladamente, são ações tímidas, sem o devido impacto, o que realimenta as incertezas dos agentes econômicos.
É momento de firmeza e acima de tudo de contundência por parte da equipe econômica do governo.
Para reverter expectativas, o mercado necessita da ração na dose certa.
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Reinaldo Cafeo - 44 anos, economista, professor universitário, pós-graduado em Engenharia Econômica, mestre em Comunicação. Atualmente, é Conselheiro do Conselho Regional de Economia - CORECON, consultor empresarial nas áreas econômico-financeira, diretor da Associação Comercial e Industrial de Bauru, perito habilitado para atuar em processos na Justiça do Trabalho e Cível (perícia econômico-financeira), vice-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, comentarista econômico da TV GLOBO e da 94fm Bauru e Diretor do Escritório de Economia ECONOMI@ Online.
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