A gestão financeira pode ser considerada com uma das questões mais importantes dentro do processo administrativo de qualquer empresa, seja esta rural ou urbana.
É de grande importância reconhecer a relevância da gestão financeira sob o aspecto de um processo que visa a otimização dos limitados recursos disponíveis para que qualquer organização possa crescer e atingir seus objetivos. Dentro desta visão financeira, é preciso enxergar nosso negócio a curto e, principalmente, a longo prazo.
A gestão de empresas rurais é focada, geralmente, nos fatores do trabalho agrícola e zootécnico, concentrando técnicas de produção e conceitos operacionais das atividades específicas desenvolvidas, deixando sempre para depois a apuração do resultado econômico da propriedade e a visão de seu caixa atual e futuro.
Dentro deste contexto, fica claro que, infelizmente, a contabilidade rural é um instrumento administrativo pouco utilizado pelos produtores, pois se tem sempre a impressão de ser uma técnica complexa e que apresenta um baixo retorno prático. Também é possível constatar que, em quase sua totalidade, a aplicação da contabilidade de custos em empresas rurais é quase sempre conhecida por suas finalidades fiscais, não possuindo grande interesse por uma aplicação gerencial da propriedade.
Uma administração desejável deve conter todas as modalidades de negócios, mesmo para empresas rurais. Para que qualquer atividade econômica seja rentável ela deverá possuir um estilo de gestão compatível com suas características organizacionais para que esta estrutura possa garantir padrões de competitividade dentro da atividade na qual ela atua.
Um bom exemplo disso, no dia-a-dia de consultoria em propriedades rurais, é ter uma propriedade rural com ótimo retorno econômico, mas que por ineficiências e falta de visão financeira (fluxo de caixa) acaba, muitas vezes, entrando em fluxos de caixa negativos e o pagamento de juros exorbitantes. Com isso, acabam inviabilizando toda a atividade. Então, sempre se ouve produtores a queixar-se da atividade, mas a verdade é que todas as atividades, sejam elas urbanas ou rurais, não podem aceitar grandes despesas financeiras usadas para conter rombos de atitudes não planejadas.
O ideal é que a propriedade tenha sempre uma visão de seu caixa nos próximos doze meses, como pode ser vista no gráfico abaixo, mostrando as épocas que será preciso aporte ou não de capital, e ao mesmo tempo a maximizar seu caixa, através de aplicações em outras atividades (aplicações financeiras).
Além disso, essa visão futura deve ser revista mensalmente, pois alterações dos preços dos produtos de compra e venda podem acontecer de acordo com o mercado de oferta e demanda.
No mercado, atualmente, já existem planilhas eletrônicas ou softwares que facilitam o trabalho e fornecem a informação em um tempo mais curto. O proprietário deve ter em mente quais os índices a serem apurados e procurar no mercado o que mais atende à sua propriedade.
Lembre-se sempre de que o capital empatado em sua propriedade deve ser remunerado à altura de outros investimentos existentes no mercado (imobiliário, ações, comércio, etc). E para isso, o trabalho deve ser feito de forma profissional e muito bem planejado, pois, caso contrário, a atividade exercida tende a ser interrompida e o capital tende a ser empregado em outro setor.