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Scot Consultoria

Reforma urbana


por Alma

Segunda-feira, 19 de outubro de 2009 - 16h07

Fernando Sampaio é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP, especialista em mercado de carnes pela ESA Angers. Pensador em tempo integral, cronista nas horas vagas. Seu dia foi cheio? Está cansado de ver preços e números? Leia a coluna do Alma e relaxe. Coluna do Alma, para você não se esquecer das outras coisas da vida.


Minha visita a Belo Horizonte tem a ver com a questo da reforma agrria no Brasil. Mais detalhes em breve. Mas visitando a cidade, e com a notcia da pesquisa do Ibope encomendada pela CNA, uma reflexo me ocorreu. Belo Horizonte, assim como So Paulo, o Rio, Porto Alegre e outras metrpoles brasileiras tm prdios interessantes, alguns belssimos. O casario dos antigos bairros nobres so ecos de um tempo passado de fausto e riqueza. Mas a cidade sofre de um mal inerente s grandes aglomeraes urbanas, o inchao. As favelas so evidentes nos morros, o centro se torna decadente, sujo e mal cuidado e a violncia urbana prolifera. Aqui e ali existem ainda trabalhos de recuperao do patrimnio e preservao da arquitetura, mas as coisas esto longe de ser o que foram um dia. O resultado disso a privatizao dos espaos urbanos, com shoppings, prdios residenciais e condomnios fechados. Alguns brasileiros com quem convivi na Europa achavam absurdo um pas como a Holanda, por exemplo, no ter shoppings como os que haviam em So Paulo, ou condomnios e prdios com piscina, academia e essas coisas. O que parece ser um sinal de desenvolvimento no Brasil ao contrrio, um smbolo de nosso atraso. A Holanda no precisa de shoppings porque o centro das cidades limpo, bonito, arrumado, preservado e ningum corre o risco de ser assaltado enquanto faz compras. No h condomnios fechados porque os bairros residenciais so limpos (exceto os de imigrantes), iluminados, seguros, ajardinados. Essa privatizao do espao urbano brasileiro um sinal inconteste da incompetncia do Estado. Agora diriam que o inchao das metrpoles fruto do xodo rural. Para responder a isso recorro a um texto de Diogo Mainardi: "A reforma agrria se tornou um instrumento arcaico, contraproducente. O Brasil precisa de uma agricultura de larga escala, mecanizada e exportadora, no de culturas de subsistncia. Nesse sentido, o governo deveria limitar-se a decuplicar os impostos sobre terras improdutivas. Os candidatos conseguem seduzir a classe mdia com o argumento preconceituoso de que a reforma agrria pode contribuir a fixar os brasileiros no campo, impedindo que as massas de miserveis migrem para as cidades. S que o problema do pas no o excesso de migrantes, e sim a falta de cidades. Mais de 30% das cidades brasileiras no tm bancos, e mais de 90% no possuem cinemas. Ou seja, no so realmente cidades, mas meros currais eleitorais. O Brasil necessitaria de uma reforma urbana, no de mais hortas de feijo. A urbanizao a nica garantia de empregos e mobilidade social". Resumindo, o Brasil no precisa de uma reforma agrria, precisa de uma reforma urbana. Precisa fazer com que as pequenas cidades do interior se desenvolvam, atraiam indstrias, fbricas, tenham agncias bancrias, hospitais (o estado de Mato Grosso do Sul inteiro vem se medicar em Campo Grande, por exemplo) e obviamente escolas e saneamento bsico. O que faz uma cidade mixuruca se desenvolver? Infra-estrutura. nisso que o dinheiro mal gasto da reforma agrria deveria ser aplicado. Pela pesquisa da CNA, 46% dos beneficiados com o Programa da Reforma Agrria j venderam suas terras (o que ilegal, diga-se de passagem), 37% no produzem rigorosamente nada, 10% no produzem o suficiente nem para a famlia e 24% produzem o suficiente s para a famlia. A reforma agrria brasileira um mito, um escancarado desperdcio de dinheiro pblico. S quem se beneficia com ela a chefia do MST, um bando de delinquentes que excreta uma ideologia assassina a uma multido de miserveis em troca de poder.
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