Vamos imaginar a seguinte situação: um determinado rebanho possui 40 vacas em lactação, com média de produção diária de 14kg.
Supondo que este rebanho esteja estruturado, com as parições bem distribuídas ao longo do ano, teremos então que aproximadamente 50% das vacas encontram-se no início da lactação e 50% no final da lactação.
Considere que o grupo de vacas que está na fase inicial da lactação apresenta produção média de 18kg diários e as que fazem parte da metade final da lactação apresentam produção média de 10kg diários. As áreas de pastagens são formadas com o capim Mombaça, sendo manejadas em sistema intensivo irrigado e, tendo, como critério o sistema de pastejo rotacionado.
O período de ocupação dos piquetes é de um dia e o período de descanso de 21 dias, condição pela qual são necessários 22 piquetes.
Vacas com produção média de 18kg diários devem disputar o mesmo pasto com vacas de 10kg? A resposta é não, caro leitor!
As exigências nutricionais de uma vaca com produção de 18kg são superiores ao de uma de 10kg.
EXIGÊNCIAS
Consultando softwares ou tabelas de exigências nutricionais, somente na necessidade de proteína e energia para a
manutenção dos animais (peso vivo de 500kg) é que ocorrerá alguma semelhança: exigência de 400g de proteína bruta (PB) e 4kg de nutrientes digestíveis totais (NDT), diariamente.
Para a
produção de leite, considerando um teor de gordura no leite de 3,5%, são necessários ao redor de 85g de PB e 0,30kg de NDT, por quilograma de leite produzido.
Assim uma vaca que está produzindo 18kg diários necessitará por volta de 1,93kg de PB (0,4kg + 18kg x 0,085kg) e 9,40kg de NDT (4,0kg + 18kg x 0,3kg)
Enquanto que uma vaca com produção diária de 10kg exigirá algo em torno de 1,25kg de PB (0,4kg + 10kg x 0,085kg) e 7,0kg de NDT (4,0kg + 10kg x 0,3kg).
O QUE FAZER?
Dessa diferença entre exigências, surge o conceito de pastejo de ponta e de repasse, que nada mais é que possibilitar que vacas que estão apresentando maior produção de leite, tenham oportunidade de pastejar o “melhor pasto” (pastejo de ponta), liberando o piquete “novo” ou “do dia” no final da tarde/início da noite.
Na manhã seguinte, o lote de vacas com menor produção, terá acesso a este piquete, alimentando-se do restante (pastejo de repasse), ou seja, o resíduo do primeiro pastejo, desde que não haja somente hastes de capim para pastejo.
A intenção não é permitir que o segundo lote passe fome e deixe de produzir e sim priorizar a colheita da forragem pelo lote de maior produção.
Ao final do dia, o piquete consumido uniformemente (pastejo de ponta e repasse), será adubado e irrigado.
Vale ressaltar que este manejo é interessante em virtude de possibilitar uma maior eficiência no pastejo e melhor adequação nutricional, podendo ser implantando em qualquer sistema de produção que tenha nas pastagens a base da produção.
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>