A taxa de crescimento das plantas forrageiras depende basicamente de 4 fatores: temperaturas elevadas (até 40º C o crescimento é praticamente linear), longos fotoperíodos (dias com comprimento acima de 12 horas de luminosidade), fertilidade do solo (natural ou via adubação com fertilizantes químicos ou orgânicos) e água.
VIABILIDADE DA IRRIGAÇÃO
No passado, os principais trabalhos científicos que avaliavam o uso da irrigação em pastagens tinham por objetivo reduzir a estacionalidade da produção forrageira.
Não visavam necessariamente aumentar a produtividade ou diminuir os custos de produção.
Diversos trabalhos na década de 70 mostraram o insucesso de tal prática.
No entanto, nos dias atuais, sabe-se que a irrigação de pastagens pode ser uma grande aliada do produtor de leite.
A partir de agosto, no Brasil Central, as temperaturas médias se elevam, o comprimento do dia fica cada vez maior e a disponibilidade de água passa, então, a ser o principal fator limitante ao crescimento das plantas forrageiras, visto que os adubos podem ser adquiridos a qualquer instante.
A irrigação das pastagens destinadas às vacas leiteiras passou a fazer parte do elenco de técnicas empregadas com o intuito de ampliar a produção das gramíneas forrageiras utilizadas em sistema rotacionado e adubadas intensivamente (níveis de nitrogênio acima de 500 kg/ha/ano).
Com a utilização das técnicas acima descritas visa-se manter uma taxa de lotação elevada nos piquetes durante um maior tempo ao longo do ano.
BENEFÍCIOS DA IRRIGAÇÃO
Para atingir esse objetivo é importante ter consciência dos quatro principais benefícios trazidos pela irrigação, em ordem decrescente de importância:
1 - eliminar o risco de veranicos (período de no mínimo 10 dias sem a presença de chuva durante os meses de setembro a março, no Brasil Central);
Na verdade, transforma-se o veranico em um aliado da produção de leite intensiva e rentável, pois durante esses breves períodos secos a insolação e as temperaturas são maiores.
2 - antecipar o início do pastejo se a pastagem for irrigada a partir do mês de agosto, ampliar-se-á sua utilização, no mínimo, em mais 80 a 90 dias;
3 - a retirada dos animais antecipadamente do cocho diminuirá o custo de produção;
A diferença para alimentar uma vaca produzindo 15 litros de leite/dia no pasto ou no cocho ...
com cana-de-açúcar e, em ambos os casos, utilizando alimento concentrado como complemento para atender as exigências nutricionais do animal, situa-se por volta de R$1,00/vaca/dia, sem considerar a mão de obra empregada para a execução do trabalho no segundo caso.
Isto significa que se ampliarmos em 90 dias o uso da pastagem, devido a irrigação num rebanho com 10 vacas, estaremos economizando ao redor de R$900,00 nesse período.
4 - adiar o final da utilização do pasto em no máximo 30 dias, adiando a alimentação dos animais no cocho.
Em áreas irrigadas, podem-se utilizar os piquetes por até 9 meses com lotação elevada (acima de 10 UA/ha).
Amplia-se assim, em 3 a 4 meses o tempo de utilização das pastagens, quando comparado com sistema de pastejo rotacionado sem o uso da irrigação.
RECOMENDAÇÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA IRRIGAÇÃO
Assim, sugere-se que a implantação de um sistema de irrigação seja efetuada em áreas reduzidas (até 2 ha) inicialmente.
Isto se faz necessário para que o produtor e o técnico possam aprender com os possíveis problemas que advirão do uso dessa técnica, além do que torna a aquisição do equipamento menos dispendiosa.
Importante: a irrigação não deve ser encarada como a solução para todos os males.
Ela nada mais é que uma ferramenta de manejo das pastagens que irá colaborar para o aumento da produtividade e redução nos custos de produção.
Os benefícios descritos acima acontecem apenas se a fertilidade do solo é adequada e próxima dos níveis desejados.
É importante também que o manejo das forrageiras tenha sido compreendido e o produtor esteja ciente das dificuldades que a irrigação de pastagens pode trazer futuramente.
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