Visando a exploração racional do grande potencial de produção de matéria seca das forrageiras tropicais, é necessário fazer uso de um sistema de manejo de pastagens que permita conciliar duas características conflitantes como a produtividade e a qualidade da forragem.
A figura 1 demonstra a necessidade de realização dos pastejos em intervalos de tempo definidos conforme a espécie, aliando-se boa produtividade e desempenho animal satisfatório.
Em virtude das gramíneas forrageiras perderem rapidamente o valor nutricional com o avanço da maturidade, existe a necessidade de uma organização nos pastejos de forma que os animais tenham à disposição forragem em quantidade e qualidade semelhante dia após dia.
Para ilustrar, podemos afirmar que uma pastagem de capim Brachiaria decumbens bem manejada e com 25 dias de crescimento tem valor nutricional superior ao de um pasto de capim elefante com 90 dias de crescimento.
A melhor forma de organizar a colheita da forragem é através do pastejo rotacionado, condição pela qual os animais permanecem num dado piquete para que ocorra um consumo homogêneo de toda a forragem disponível.
Os resultados indicam que esta é a melhor prática para o controle da disponibilidade de forragem, da persistência da pastagem e das perdas durante o pastejo (sub e superpastejo).
A divisão das pastagens em piquetes para ocupação em períodos curtos de tempo (1 a 3 dias) somente faz sentido quando a produção da forragem é elevada, e isto somente ocorrerá quando houver um somatório dos fatores de produção como: fertilidade
do solo, calor, luz, umidade e ação do homem.
Em pastagens degradadas e que apresentem baixa capacidade de suporte, os ganhos com a rotação em piquetes são mínimos.
Conforme descrito anteriormente, cada espécie forrageira possui características genéticas e morfológicas próprias, sendo que o número de dias de descanso para atingir o ponto ideal de colheita ou pastejo também é característico de cada uma delas e dos fatores do meio onde está inserida.
Dessa forma, na tabela 1 (página seguinte) são apresentados os valores pré-definidos paradescanso antes de nova desfolhação (pastejo) de acordo com a espécie e o nível de manejo aplicado.
Outro dado importante no planejamento do pastejo intensivo é a definição do período de ocupação (PO) de cada piquete, que deve variar de 1 a 3 dias se destinado à produção de leite e de 3 a 5 dias se o objetivo é a produção de carne.
Quanto menor o período de ocupação, melhor é o controle do estoque de forragem disponível, da taxa de lotação e do desempenho animal, especialmente em pastos de alto potencial de produção e manejados intensivamente.
A qualidade da forragem também varia durante os dias de ocupação, pois os animais pastejam extratos diferentes a cada dia, refletindo em grande variação na produção de leite.
Após a definição do número de dias de descanso (PD) e dos dias de ocupação (PO) de cada piquete a ser utilizado no sistema intensivo, pode-se calcular o número ideal de piquetes na área. Para tanto deve-se utilizar a seguinte fórmula:
EXEMPLO
Pastagem de capim Tanzânia, irrigado, destinado à produção de leite, adubado com 650 kg de nitrogênio por hectare ao ano;
Lotação esperada de 12 UA/ha.
Período de descanso do capim Tanzânia = 30 dias;
Período de ocupação = 1 dia
* Portanto:
Número de piquetes = (30 / 1) + 1 = 31 piquetes.
Neste caso, se a área formada for de 5 hectares, então o tamanho médio de cada piquete será de aproximadamente 1.600 m² (50.000 m² / 31piquetes).
CALCULANDO DE OUTRA FORMA
Outra forma de cálculo pode partir do número desejado de animais para então definir-se a área a ser manejada intensivamente.
Exemplo: Rebanho com 100 vacas em lactação com peso vivo médio de 500 kg, nas condições do exemplo anterior.
Qual a área necessária ?
100 vacas de 500 kg = 1,10 unidade animal (1 U.A = 450 kg);
100 x 1,10 = 110 UA;
110 UA (necessidade)
12 UA/ha (lotação esperada) = 9,0 ha;
9,0 ha / 31 piquetes = piquetes de 2.900 m².
SUGESTÕES PARA A DIVISÃO DOS PIQUETES
Piquetes retangulares possuem melhor relação área/perímetro.
Não utilizar piquetes muito estreitos e compridos.
A largura do piquete não deve ser menor que 1/3 de seu comprimento.
Pode-se admitir pequenas diferenças de área entre os piquetes (5% a10%).
A largura dos corredores deve ser compatível com o número de animais na área e com a drenagem do solo.
Em geral recomenda-se no mínimo quatro metros, para evitar formação de barro e facilitar o trânsito de máquinas.
“Considerar as sombras e as aguadas já existentes na área para disposição dos corredores e piquetes.”
Considerar as sombras e as aguadas já existentes na área para disposição dos corredores e piquetes.