• Domingo, 15 de dezembro de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

A nova ordem


por Alma

Terça-feira, 2 de fevereiro de 2010 - 09h42

Fernando Sampaio é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP, especialista em mercado de carnes pela ESA Angers. Pensador em tempo integral, cronista nas horas vagas. Seu dia foi cheio? Está cansado de ver preços e números? Leia a coluna do Alma e relaxe. Coluna do Alma, para você não se esquecer das outras coisas da vida.


"Nós conquistaremos o mundo não graças à bomba atômica, mas graças a uma coisa que o Ocidente não compreende: nossas idéias." Andrey Vyshinsky, procurador da URSS sob Stalin. Pode se olhar a Perestroika sob dois ângulos. O primeiro é a visão corrente que se tem de que foi o fim do comunismo sob pressões internas e uma ânsia democrática dos países do bloco soviético cansados de terem as liberdades tolhidas. O segundo é que foi um movimento meticulosamente planejado pelo próprio PC soviético preparando-se para uma nova ordem mundial. Há inúmeros documentos e fontes, muitos desconhecidos do público em geral, que podem apoiar esta segunda versão da perestroika, mas as maiores provas de que o marxismo sobreviveu estão amplamente visíveis ao nosso redor. Mas o que seria esta nova ordem mundial? Em primeiro lugar, a repressão do comunismo bolchevique, dos goulags e fuzilamentos, assim como as disputas regionais e a ameaça de confronto nuclear leste-oeste desaparecem. Dão lugar a um comunismo gramsciano, que se impõe não pela força, mas tornando-se um pensamento hegemônico na sociedade. Ora, vamos imaginar uma causa, uma nova ideologia, que possa se tornar hegemônica na sociedade suportando assim um novo projeto de poder. Algo que apele às nossas emoções, que seja global, que afete todos os setores da sociedade, da economia à educação. Que não encontre resistências religiosas, que seja aceita como um bem comum no Ocidente ou no Oriente, no Norte ou no Sul. Algo que dê às pessoas uma utopia, e ao mesmo tempo sirva de ameaça. Uma ameaça que seja global, que não possa ser tratada em termos regionais, que precise da atuação de entidades internacionais fortes que ditem as regras a serem seguidas para o bem de todos. Alguém pensou em ambientalismo? No buraco de ozônio (por acaso uma ameaça falsa). Em aquecimento global (outra ameaça falsa?). Agora tentem imaginar como ou porque Mikhail Gorbachev, o pai da perestroika tornou-se fundador da Green Cross International, uma das organizações ambientalistas mais ativas do mundo. O socialismo está mais vivo do que nunca. Eu que vivi na Europa por bons anos sei que daqui a pouco os europeus não saberão atar os cadarços se Bruxelas não ditar um regulamento especificando como se deve fazer. Na América Latina, atrasada como sempre, nem é preciso dizer. Tenta-se ganhar aqui o que foi perdido no Leste Europeu, alguns mais sutis como os petistas, alguns mais boçais como os chavistas. E “last but not least”, finalmente a América se rendeu ao charme vermelho de Obama. Depois que o socialismo ganhou o mundo, um novo pensamento hegemônico está sendo fundado, baseado na ecologia. Está nas escolas públicas (que seguem todos os padrões ditados pela Unesco), está nas redações dos jornais, está na mídia, nos cinemas (Avatar?), nos "movimentos sociais", na política de esquerda ou direita, definições que já perdem o sentido. Para responder às supostas ameaças globais, instituições internacionais trabalham em sistemas diversos (e a Teoria de Sistemas é fundamental para se entender isso) que declancham subsistemas em países, regiões, municípios, cadeias de produção, empresas. Usufruindo de ilusória sensação de liberdade, já que trabalham todos em sintonia com um pensamento hegemônico, os sistemas reenforçam em feedback as instituições mesmas que os criaram, contribuindo assim para um totalitarismo global que através de diretrizes e acordos pretende controlar e tornar interdependentes a economia e a política de países e povos outrora livres para escolher seu destino. Eu tenho para mim, graças a uma formação cristã sob ataque mas que procuro preservar, que a fronteira última entre civilização e barbárie está no coração e na mente de cada indivíduo. Não é delegando nossa alma aos iluminados que pensam deter a chave para o fim da história que vamos nos salvar. Ecologia não é e não deve ser nem uma utopia e nem o centro da nossa espiritualidade. É o simples respeito que as pessoas devem ao mundo em que vivemos, esta admirável obra que quer acredite-se no Criador ou não, merece toda nossa admiração. Do site da Green Cross International: A missão da Cruz Verde Internacional é ajudar a garantir um futuro justo, sustentável e seguro para todos, promovendo uma mudança de valores e cultivando um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade compartilhada na relação da humanidade com a natureza. De programas de advocacia a nível nacional e internacional até a formação de indivíduos sobre como construir sistemas de recolha de águas pluviais, a Cruz Verde apresenta programas abrangentes que realçam os valores da cooperação entre todos os intervenientes. A relação humana com a natureza cruza todas as fronteiras e transcende todas as idéias de classe, o que exige uma solução que vai além da boa governança e boa política, e depende da responsabilidade compartilhada para um futuro sustentável e justo para todos.
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja