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Scot Consultoria

Sensação de mercado


Terça-feira, 22 de junho de 2010 - 09h46

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Se tem uma coisa que você pode esperar das pessoas é que quando alguma coisa dá lucro, elas vão querer mais daquilo, sem medir as consequências. O contrário também é verdadeiro. Ao se deparar com um prejuízo, elas vão querer cortar até o osso para se livrar da sensação ruim de perder dinheiro sem, novamente, pensar nas consequências. É claro, as pessoas não fazem isso porque querem. O mercado as obriga a mudar de opinião. E as pessoas não gostam de mudar de opinião. Não é da natureza humana ser flexível. Não depois de ter uma opinião formada sobre determinada coisa. Não são as frias análises de mercado. Não são as estratégias. Não são as elaborações de cenários. Só quando a água está batendo na cintura é que elas instintivamente buscam um terreno mais alto. As pessoas agem pela emoção, caro leitor. Em se tratando de mercado são as sensações de euforia, quando a coisa está boa e a sensação de desespero, quando a coisa está ruim, que realmente as fazem mudar. Como você sente isso? Escutando o que os outros falam. Lendo comentários. Lendo as entrelinhas das notícias nos jornais e revistas. Cruzando essas opiniões com os preços de mercado. Isso toma tempo, nem sempre as coisas são tão claras assim e o timming é específico de cada mercado, mas esses ciclos de sentimentos são reais, acontecem e estão em movimento em todos os mercados ao mesmo tempo. Quer ler dois livros fantásticos sobre isso? Salve-se Quem Puder, de Edward Chancellor e Psicologia das Multidões, de Gustave Le Bon. Por exemplo, observe a variação ano a ano dos preços da arroba neste gráfico abaixo. Acho que essa imagem fala por si mesma sobre como está o sentimento sobre o mercado do boi atualmente. Nos últimos 15 anos, o mercado do boi só abriu o flanco, só expôs seus extremos, cinco vezes. Apenas cinco vezes. Três vezes em situações extremas de baixa e duas de alta. De fato, não é uma coisa que acontece todos os dias. Nas cinco ocasiões o mercado estava extremamente otimista nos dois picos e extremamente pessimista nos três vales, sem exceções. A última ocasião foi um extremo de baixa e ocorreu em dezembro do ano passado. Não é de estranhar a “sensação baixista” geral no mercado. De fato, se não estivesse assim muito pessimista aí é que a gente poderia desconfiar, mas a verdade é que esse sentimento baixista atualmente meio que valida a história. Nas ocasiões anteriores de baixa a sensação era a mesma. Sei disso porque me lembro do período entre 1995~1996 e também entre 2005~2006. Não foram épocas fáceis para a pecuária, especialmente para os invernistas. Bom, a mensagem é essa. A evolução dos preços desde dezembro está (até agora) se alinhando com o que já ocorreu anteriormente, então baseado na história a arroba está novamente em uma fase de alta. Vai subir amanhã? Mês que vem? Vai mesmo subir? Não sei, caro leitor. Quem dera soubesse. Simplesmente não sei o que irá ocorrer no curto-prazo. Uma dica é a evolução do quadro do bezerro. O fato é que o bezerro já voltou aos preços do período pré-crise. É como se entre 2008 e 2009 o mercado apertasse o botão de pausa no controle remoto. Agora apertou novamente o play. Observe o gráfico abaixo. Não é pouca coisa o que o gráfico do bezerro está nos dizendo. Ele está nos dizendo: “Hei, a névoa da crise foi embora! Os fundamentos voltarão a importar! Há falta de bezerros e os preços estão subindo por causa disso!” Saberemos ainda esse ano o desenrolar dessa história.
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