• Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Balanceamento de dietas: foco nos resultados de análise de sólidos totais do leite - parte II


Quinta-feira, 30 de setembro de 2010 - 17h17

Engenheiro agrônomo, doutor em produção animal e pesquisador científico/APTA Colina-SP.


Na edio anterior foi abordada a questo do balanceamento de dietas para vacas leiteiras com foco no resultado de anlises totais do leite, no caso, visando o incremento do teor de gordura do leite. Nesta segunda parte, o objetivo discutir as prticas e medidas visando o incremento do teor de protena no leite. BALANCEAMENTO DE DIETAS VISANDO INCREMENTO DO TEOR PROTICO DO LEITE Existem vrios objetivos a serem alcanados quando se formula dietas para vacas leiteiras, como a sade do animal, incremento ou manuteno da produo de leite, aumento da persistncia da produo, correo do escore corporal, dentre outros. Com este objetivo, as dietas devem maximizar o aporte de aminocidos e energia para a glndula mamria. Os aminocidos sero fornecidos diretamente pela dieta, na sua poro protica e tambm na sntese de protenas microbianas no rmen. Estas protenas (protena microbiana e protena no degradvel no rmen) chegam diretamente no duodeno, resultando em um maior aporte de aminocidos absorvidos e disponveis para a glndula mamria. A qualidade da protena fornecida na dieta influencia o teor de protena do leite, sendo que os aminocidos lisina e metionina so os mais limitantes. Em dietas base de silagem de milho ou suplementadas com seus co-produtos, a lisina tende a ser o aminocido mais limitante. Estratgias que utilizam suplementao de aminocidos protegidos so onerosas, diminuindo sua eficincia econmica de utilizao. Como podemos visualizar o perfil de aminocidos mais prximo do ideal para a produo de leite, disponveis e permitidos para utilizao na dieta de ruminantes, a protena microbiana do rmen, produzida naturalmente em grandes quantidades em dietas equilibradas, sendo tambm, com certeza, a mais econmica em dietas para vacas leiteiras. Segundo o NRC (2001), tanto a produo de leite, como a produo de protena do leite ser maximizada se a quantidade de protena degradvel no rmen (PDR) na rao ficar em torno de 12% da MS total, valor considerado timo para a sntese de protena microbiana, desde que o suprimento energtico tambm seja adequado. Como regra geral, de 60% a 65% da protena da dieta deve ser PDR e 35-40% deve ser protena no degradvel no rmen (PNDR). Segundo Reis (2008), o incremento de um ponto percentual de protena em dietas com teor protico de 9% a 17% resulta em aumento de apenas 0,02 ponto percentual da protena do leite. No entanto, o mesmo autor comenta que quando a protena da dieta estiver deficiente, a protena do leite tende a aumentar com a utilizao de fontes de PNDR. Segundo Colmenero e Broderick (2006), o teor de 16,5% de protena bruta (PB) foi suficiente para maximizar a produo de leite e de protena, quando se utilizam dietas base de silagem de milho e alfafa e milho modo com alta umidade, como a principal fonte de carboidratos no fibrosos, e o farelo de soja como fonte de suplemento protico, conforme detalhado na tabela 1. Dietas com maior quantidade de concentrados aumentam o teor protico do leite. Existem limitaes para as dietas com grande quantidade de concentrado, uma vez que o pH ruminal cai e diminui a digestibilidade da fibra, reduzindo o percentual de gordura do leite e aumentando a ocorrncia de laminites, prejudicando a sade dos animais. Os co-produtos ricos em fibra (casca de soja, polpa ctrica, farelo de algodo de alta energia), so largamente utilizados em dietas, os quais, devem ser utilizados sempre em conjunto com concentrados ricos em amido (fub ou milho), para assegurar uma fonte energtica eficiente para incrementar a fermentao ruminal e, assim, aumentar a produo de protenas microbianas no rmen. O fornecimento de gordura suplementar uma tima forma de aumentar a densidade energtica das dietas, mas a gordura fornece energia para a vaca e no para os microorganismos do rmen. H trabalhos de pesquisa que mostram at redues no teor de protena do leite com o fornecimento de gordura, principalmente se for em excesso. Dessa forma, preciso ateno ao utilizar alimentos ricos em gordura, ainda mais se essa gordura for insaturada. Caroo de algodo e soja em gros so alimentos excelentes, que via de regra contribuem para aumentar a produo de leite e a eficincia alimentar, mas seu uso deve ser criterioso. Muitas vezes quando se consegue um aumento de produo com o fornecimento desses alimentos, no raro haver queda no teor de protena do leite. Mas isso normalmente se deve a um efeito de diluio, pelo maior volume de leite, e no a uma reduo na sntese de protena na glndula mamria. Normalmente os ganhos que se tem em produo so economicamente mais interessantes do que as possveis perdas em protena com o uso de alimentos ricos em leo. O uso de ionforos, bicarbonato de sdio e xido de magnsio auxiliam no correto equilbrio do ambiente ruminal, contribuindo para um constante aporte de protenas microbianas, mesmo em condies adversas (estresse trmico, alto concentrado, baixa fibra efetiva). Deste modo, os tcnicos e produtores devem estar bem informados das principais prticas de alimentao e de manejo que podem maximizar a produo de leite corrigido para slidos totais, que so as seguintes: 1. Controle de mastite com um programa efetivo de manejo. 2. Uso de testes eficientes para anlise de forragem para a utilizao de programas de balanceamento de raes. Dietas com maior quantidade de concentrados aumentam o teor protico do leite. 3. Maximizar o consumo de energia proveniente de carboidratos, enquanto se estabelece o atendimento do requerimento mnimo de fibra. O contedo mnimo de fibra nas raes de vacas no incio de lactao deve ser 18% a 20% de FDA, e de 27% a 30% de FDN. Cerca de 75% do FDN da dieta de ser proveniente da forragem. 4. Raes no incio de lactao devem conter 35% a 40% de CNF, a fim de fornecer carboidratos disponveis para estimular sntese de protena microbiana. 5. As raes devem ser balanceadas considerando ambos, protena total e as fraes proticas. Orientaes para o incio da lactao so: 17% a 18% de protena na rao. Cerca de 60% a 65% do total da protena deveria vir de fonte degradvel no rmen (PDR), e 35% a 40% de protena no degradvel (PNDR), enquanto 30% a 35% refere-se a protena solvel de alta degradao ruminal (PSR). 6. Recomenda-se o uso de misturas de fontes proticas na formulao de raes. Tal procedimento decrescer as chances de imbalano de aminocidos. 7. Considerar os cuidados na adio de gordura, pois tal procedimento pode diminuir os teores de protena do leite. Contudo, pode-se obter aumento na produo de leite e decrescer o balao negativo de energia. As respostas na produo de leite e condio corporal so normalmente mais importantes em termos econmicos do que o potencial decrscimo no contedo de protena do leite. 8. Desenvolver estratgias de manejo para maximizar o consumo de matria seca. Tal fato de especial importncia no incio da lactao, permitindo que a vaca minimize as perdas da condio corporal observada aps a pario. 9. Fornecer forragem antes dos gros para minimizar os problemas relativos ao decrscimo do pH ruminal e mudanas no padro de fermentao. 10. Envidar esforos para o fornecimento de fontes de energia antes ou no mesmo tempo da fonte de protena. Tal procedimento permitir a maximizao da utilizao da protena e estimular a sntese de protena microbiana. 11. Avaliar o consumo de matria seca do rebanho, e dessa forma estar atento s seguintes questes: Quanto de forragem e de gros as vacas esto realmente consumindo? Os nutrientes consumidos esto suprindo o requerimento das vacas? Caroo de algodo e soja em gros so alimentos excelentes, que via de regra contribuem para aumentar a produo de leite e a eficincia alimentar, mas seu uso deve ser criterioso. Diante do exposto, seria de grande importncia que a adoo do pagamento por slidos do leite seja utilizada para recompensar aqueles que produzem leite de qualidade a partir de vacas produtivas e melhores com o passar das geraes, e que no seja apenas uma ferramenta para penalizar aqueles que no atingem critrios industriais mnimos e que penalizam a eficincia de transporte de leite pela indstria.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos



Warning: Unknown: Your script possibly relies on a session side-effect which existed until PHP 4.2.3. Please be advised that the session extension does not consider global variables as a source of data, unless register_globals is enabled. You can disable this functionality and this warning by setting session.bug_compat_42 or session.bug_compat_warn to off, respectively in Unknown on line 0