Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.
O primeiro turno das eleições se caracterizou por tangenciar a discussão de temas relevantes, notadamente no que se refere à condução da política econômica nacional.
Centrados mais nas biografias de seus candidatos, a campanha e os debates no primeiro turno podem ser avaliados como superficiais. Nem mesmo os diferenciais no campo da gestão foram aprofundados.
No segundo turno não há mais desculpas. O tempo dos candidatos no horário gratuito na rádio e TV é o mesmo. Os debates deverão se transformar em embates.
Há muitas dúvidas quanto à condução da política econômica. De um lado a necessidade em manter a estabilidade, ou seja, conduzir a economia de maneira a manter o controle da inflação dentro da meta. De outro lado garantir condições para que haja crescimento e este se sustente ao longo do tempo, gerando uma tendência positiva e não altas e baixas como tem sido até agora. Em meio ao cumprimento destas metas macroeconômicas o país precisa avançar na distribuição mais justa da renda, com geração de emprego.
Os instrumentos para atingir estas metas precisam ser aperfeiçoados. O governo atual tributa muito e gasta demais. A política fiscal deverá ser revista. Não sabemos o que pensam os candidatos em relação à reforma tributária e como reduzir gastos em custeio, abrindo espaço para gastos em investimentos.
Outra dúvida refere-se à política monetária. Tudo indica que as metas de inflação serão mantidas, mas não houve menção no que se refere aos juros internos. A economia brasileira é monitorada com a prática da maior taxa de juros do mundo. Isto é incompatível com economia que deseja ser madura.
Os candidatos precisam dizer com clareza como esta bomba será desarmada.
A política cambial é outra incógnita. O país observa um momento de elevada desvalorização do dólar, o que ocorre no mundo todo, mas o governo brasileiro tem atuação pífia no sentido de reverter este quadro. Até mesmo a política comercial com o resto do mundo precisa de um modelo que permita projetar a conquista de novos mercados e com produtos que possuam valor agregado, garantindo competitividade internacional.
A política de rendas é o outro desafio. O abismo entre ricos e pobres é enorme e manter o excesso de assistencialismo não irá resolver o problema.
Isto tudo tendo que equacionar gargalos como energia, estradas, enfim investir em infraestrutura que reduza o custo Brasil e torne o país mais competitivo internacionalmente.
Será que podemos esperar um debate focado em propostas? Penso que sim, à medida que a alternância do poder serve entre outras coisas para reflexões periódicas. A população quer mais do que biografias dos candidatos.