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Scot Consultoria

Valorizações nos picos da arroba


Segunda-feira, 18 de outubro de 2010 - 15h20

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Em face à alta dessas duas últimas semanas, vamos começar com dois gráficos que resumem bem a situação atual da pecuária. Repare como a arroba do boi já rompeu o pico de 2008 e a arroba do bezerro não. Aliás, para falar a verdade a arroba do bezerro ainda nem rompeu o pico de maio deste ano. Por que o boi está tão forte e o bezerro está tão fraco? Quero dizer, é o contrário do que estávamos vendo acontecer, não é mesmo? Digo isso uma vez que sabemos da taxa de reposição entre os dois caiu de 2008 até recentemente. O que mudou? Deixe-me dar a minha opinião. Não mudou nada! É o bom e velho ciclo pecuário em ação. Sabe o ciclo pecuário? Aquela história de abates de fêmeas e tal? Pois é isso aí mesmo. O passar do tempo tem uma importância crucial para a pecuária. Os animais vão envelhecendo, a gestação das vacas vão evoluindo conforme a natureza manda e as desmamas vão sendo apartadas no seu devido tempo. É só dar o tempo para a retenção ter seu efeito, e nesse sentido a pior oferta de bezerros parece que ficou para trás. O bezerro é a ponta de entrada da pecuária. O boi gordo é a saída. A entrada hoje está mais fraca que a saída. Em outras palavras há mais oferta de bezerros que de boi gordo atualmente, proporcionalmente falando sobre cada mercado. Há outra informação que confirma isso. O abate de fêmeas ano a ano voltou a aumentar, segundo os últimos dados do IBGE. Vou deixar para falar mais sobre isso na Carta Pecuária de Longo Prazo que estou escrevendo essa semana (para clientes da Scot Consultoria). Então, agora, em outubro, aproveite o show. Tudo acontece porque tem que acontecer. Do jeito que enxergo as coisas, estamos vendo o que deveria ter acontecido em 2008, mas que foi abortado por causa da crise. Bom, mas já que estamos falando de entressafra, vamos dar uma olhada no que ocorreu nas entressafras do plano real para efeito de comparação. Esse gráfico é a atualização do que tinha colocado no site essa semana. Ele está atualizado até essa sexta-feira. Deixe-me reproduzir aqui o que escrevi no site. Olhe só como 2010 está entrando para a história. Com uma alta de 40% esse já é o quarto melhor ano da valorização da arroba no plano Real. Para chegar à alta de 48% de 2007 a arroba teria que subir para R$107,00. Repare só outra coisa. No ciclo pecuário anterior tivemos duas altas fortes intercaladas por dois anos de altas médias. O ano de 1999 foi de alta forte e também foi em 2002. Os dois picos ocorreram com três anos de diferença entre eles, só que o segundo pico acabou vindo abaixo do primeiro por uma pequena margem de diferença. O mesmo está ocorrendo agora em 2010. Tivemos um pico forte em 2007 [...] e agora, três anos depois, outro ano de alta forte. A pergunta é: esse pico atual irá repetir o que ocorreu em 1999/2002? Esse pico de 2010 irá se estabelecer um pouco abaixo que os 48% de alta de 2007? Eis a questão. Cento e sete reais é aonde a arroba teria que chegar para igualar o pico de 2007. Tem chance de chegar lá? O mercado pode fazer o que quiser, não é mesmo? Ele não trabalha para nós especificamente. Só que em uma situação parecida, diria até muito parecida, que foi 1999/2002 ela não chegou a encostar no pico anterior e acabou estacionando e, posteriormente, voltando a cair próximos 3% do pico. A mesma coisa ocorrendo agora em 2010 levaria a arroba não a R$107,00, mas a R$104,00. Daí você me pergunta: “Mas, Rogério, qual a diferença entre R$107,00/@ e R$104,00/@, cara? Está tudo acima dos R$100,00/@ mesmo!” Resposta: É verdade, dito assim você tem razão. Só que também tenho razão, pois os picos da arroba são muito conhecidos, mas não são estudados e respeitados do jeito que deveriam ser. Como minha formação em mercado se deu através de trabalhar no pregão da BVMF e em mesa de operação de uma grande corretora em São Paulo, que hoje virou banco, fico extremamente ligado nessas fases como a que estamos passando agora. Por quê? Porque estamos passando pelos extremos dos preços! Isso é muito, muito importante. Você não achará momento melhor para ver a verdadeira cara do mercado do que em seus extremos. São nos extremos que temos as chances de fazermos os melhores negócios. São nos extremos que as expectativas sobre o mercado estão mais quentes, mais acaloradas e passíveis a erros de avaliação sobre o futuro. Ou seja, o mercado passa a maior parte do tempo mais ou menos precificando corretamente a arroba. Nos extremos, como agora, ele tende a extrapolar tanto para cima, aqui no caso das entressafras, como para baixo, nas ocasiões de safras. Na prática, isso quer dizer o que? Quer dizer que se na medida em que for aparecendo reposição seria interessante vender os animais gordos e ir repondo. E ao mesmo tempo ir olhando com bastante atenção para a safra de 2011. Repare como está bem precificada historicamente a safra do ano que vem no gráfico abaixo. Mas que é bom ver a arroba acima de R$100,00/@ nos contratos futuros de novembro e dezembro, isso é. Mas acho melhor ainda a arroba para maio-11 acima de R$90,00.
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