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Scot Consultoria

Estelionato eleitoral


Terça-feira, 16 de novembro de 2010 - 10h04

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


As eleições para deputados, senadores, governadores e presidente da República indicaram uma verdadeira festa da democracia. Em um país ainda “jovem” no que se refere a eleições diretas, pode-se dizer que tudo correu dentro da normalidade. E neste particular o país observou grandes avanços. Já no que se refere às propostas para o Brasil, nem tanto. Faltou o debate de como fazer o país crescer, com controle econômico, distribuindo renda, e promovendo a justiça social. Notadamente os candidatos a presidência tangenciaram os principais temas de interesse coletivo. De qualquer maneira fiquemos com o avanço democrático. Por outro lado, estamos observando o que podemos denominar de verdadeiro “estelionato eleitoral”. Serei mais direto. Pesquisei as falas da presidente eleita, Dilma Roussef, e não encontrei uma menção sequer sobre a criação de novos tributos, tampouco a recriação da CPMF, o chamado imposto do cheque. Nem na fala dela, nem dos candidatos a governador, que como ela mesma mencionou, estariam pressionando para a volta deste indesejado tributo. Por sinal as falas foram no sentido de reduzir a carga tributária e simplificar o sistema tributário nacional. Será que estes políticos são incapazes de pensar em otimizar os gastos públicos antes de sinalizarem como novos tributos? Alguém pode dizer: mas será destinado a saúde! Na prática não há limite de gastos na saúde. Qualquer Real é bem-vindo. O que há mesmo é falta de gestão. E não somente na saúde. Enquanto não tiver alguém que enfrente e reduza o chamado custo Brasil, que nada mais é do que o peso da incompetência, da burocracia, da lentidão da justiça, dos tributos, dos juros exorbitantes, enfim dos gargalos da economia brasileira, sempre haverá aquele que utilizará o caminho mais rápido e fácil que é empurrar para o setor privado toda esta incompetência. Em 1994 a carga tributária brasileira era de 25% do Produto Interno Bruto. Estamos atingindo agora 40%. Um crescimento de 15 pontos percentuais, indo na contramão dos países em desenvolvimento. O imposto do cheque é regressivo e será mais um custo para as empresas que não titubearão no momento de repassar estes custos ao preço final dos produtos. Não discutir o tema, esperar ser eleito e em seguida querer tributar mais, é no mínimo este estelionato eleitoral que mencionei. Pergunto: alguém votou nestes candidatos esperando este comportamento? Ou vivemos em um país que nas eleições tudo pode e depois é outra coisa? A sociedade civil tem que se indignar e iniciar um movimento forte no sentido de dar um basta neste tipo de comportamento oportunista e contrário aos interesses da coletividade. É hora de exigir reforma tributária e gestão nos gastos públicos e não aceitar imposições de novos tributos. Estelionato eleitoral, não!
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