O ano de 2011 começou com a mesma preocupação do final de ano: alta dos preços. Tendo como vilões os alimentos e os serviços, a inflação oficial, medida pela IBGE através do IPCA, ficou em 0,83% em janeiro. No acumulado de 12 meses o índice ficou em 5,99%, muito próximo do limite máximo aceitável para meta de inflação que é de 6,5%.
Na depuração da elevação dos preços há componentes preocupantes e outros previsíveis. A chamada inflação gregoriana (calendário gregoriano que se repete todo ano) era previsível. Mensalidade escolar, tarifas de transporte, material escolar, entre outros, todo mês de janeiro tem seus preços reajustados.
Outros serviços como salão beleza, serviços pessoais, entre outros, tiveram seus preços reajustados no vácuo do aumento de outros preços.
Outro fator relevante é queda na oferta de alimentos. Com um clima fora de controle, com chuvas mais intensas que o normal, houve comprometimento da área plantada, e no jogo de oferta e procura os preços dispararam.
O desafio do controle inflacionário está posto. Considerando que o consumo interno está elevado, puxado pelos incrementos de renda e crédito, um instrumento muito utilizado pelo governo é mexer na política monetária. Juros mais altos e a restrição ao crédito de uma forma geral enxugam a liquidez do mercado, induzindo os consumidores a adiarem suas compras.
Este é instrumento mais previsível, mas há outros. Ampliar a oferta via importação de produtos escassos no mercado interno é outra opção. O dólar barato permite isso, com baixos reflexos internos, se for executado por um curto período de tempo.
Outro caminho seria buscar maior controle de preços através de acordos setoriais. Isso não é sinônimo de injeção de preços, mas sim de acordar uma trégua, evitando que a economia como um todo pague o preço do desarranjo de preços de alguns setores.
Quando, por exemplo, o governo opta pela alta dos juros, todos os setores da economia são afetados. Há produtos que não guardam relação direta com bens financiáveis, portanto, não poderiam ser penalizados para controlar a inflação. Atacar a cadeia produtiva dos focos inflacionários seria um caminho mais trabalhoso, por outro lado, mais eficaz.
Isso tudo sem falar que a solução no longo prazo vem do melhor controle dos gastos públicos.
Enfim, é preciso inovar, fazer diferente, evitando que o crescimento econômico seja comprometido.
Inflação preocupa, mas é possível, saindo da mesmice, controlá-la sem penalizar todos os setores da economia.
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