O primeiro índice de inflação divulgado, o IGP-M, referente ao mês de março ficou em 0,62%. Mesmo apontando para queda em relação a fevereiro (que foi de 1,0%) no acumulado em 12 meses o índice está acima de 10%, mais precisamente em 10,95%.
Este é o patamar para início de negociação para, por exemplo, os contratos de aluguéis, preferência dos proprietários de imóveis.
Vale lembrar que apesar de o índice referir-se a março, sua metodologia de cálculo leva em conta levantamentos de preços entre o dia 21 do mês anterior e o dia 20 do mês atual, ou seja, neste período foram coletados preços de 21 de fevereiro a 20 de março, portanto, capta somente parte da inflação deste mês. Fazem isso para que o mercado tenha um parâmetro logo na virada do mês.
De janeiro até março a inflação acumulada é de 2,43%.
Para atingir o resultado de 0,62% no mês de março, o IGP-M teve como base três outros índices: O IPA (Índice de Preços por Atacado) que tem peso de 60%; o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) que tem peso de 30% e o INCC (Índice Nacional da Construção Civil) que tem peso de 10%.
O IPA registrou desaceleração ficando em 0,65% contra o 1,2% de fevereiro. O IPC atingiu 0,62% (foi 0,67% em fevereiro) e o INCC ficou em 0,44% contra 0,39% do mês passado.
Alguns exemplos de variação de preços: custo da mão-de-obra na construção civil subiu 0,27%; materiais, equipamentos e serviços ligados à construção civil subiram 0,60%; gastos com educação cresceram 0,18%; transportes 1,15%; tendo alguns preços recuados significativamente, como foi o caso de passagens aéreas que ficaram 9,28% mais baratas do que o mês passado. Ainda o grupo alimentação continua pressionando os preços. Este grupo observou elevação de 0,69%. O grupo vestuário também teve alta significativa: subiu 0,78%.
Observem que se analisarmos somente o mês de março, poderíamos concluir que a inflação está gradativamente perdendo fôlego, contudo, um patamar acima de 10% no acumulado em 12 meses, forçará novos aumentos para o mês que vem, indexando parte dos preços da economia, pois, além de reajustar aluguéis, o IGP-M reajusta tarifas, entre outros preços da economia.
A indexação não será combatida com juros altos e tampouco com restrição ao crédito. Sua inércia provoca por si só novas altas de preços. Atualmente cerca de 15% dos preços da economia sofrem alguma influência dos reajustes automáticos provocados por esta indexação.
O indicativo é buscar alternativas para o combate da inflação saindo principalmente da já cansativa decisão de conter o crédito, elevando os juros por exemplo.
Se não atacarem a cadeia produtiva, com ações que mexam na estrutura de mercado, com o governo efetivamente cortando seus gastos, eliminando desperdícios, ficaremos sempre atenuando as consequências, sem mexer nas causas.
Poderiam mudar a forma de conduzir a política econômica do país, homenageando o recém-falecido ex-vice-presidente José Alencar, forte defensor da queda dos juros no Brasil.
Quem sabe a equipe econômica atual se sensibilize.