Estamos sempre em tempos de debates, de mudanças, de revoluções. Semana passada fui até a Feicorte, em São Paulo, o que é incomum para mim, pelo fato de a agricultura ser a minha praia na revista DBO Agrotecnologia. Mas gosto que me enrosco de carnes vermelhas, e por isso fui passear na Feicorte.
Muitas novidades, muita agitação. Riquezas correndo a solto, os preços da carne andam bons para os pecuaristas, sobra um troco bom para todos os fornecedores...
No estande da CV fico conhecendo o cardiologista e pecuarista Wilson Rondó Jr., também escritor, que acaba de lançar o livro "Sinal Verde para a Carne Vermelha". Trocamos "figurinhas" e opiniões a respeito do marketing das carnes vermelhas, assunto deste post, e que comento mais abaixo. Saímos do encontro, eu e Demétrio Costa, da DBO , com 2 livros autografados, depois de pagar R$ 58,00 pelos 2 exemplares, é claro.
Ainda no estande da CV encontramos Carlos Viacava, nosso ex-ministro interino da Fazenda dos tempos difíceis do Plano Cruzado. Agendamos um possível almoço de confraternização com Sebastião Guedes para os próximos dias. Ainda nem falei com Guedes...
No estande da DBO recebemos a simpática visita do amigo nonagenário (97...), e sempre com muita lucidez, enorme disposição e invejável saúde, Fernando Penteado Cardoso acompanhado de seu filho, Eduardo, muita conversa, muita tecnologia rolando na perspectiva, a pecuária evoluindo. A saúde, diz o Dr. Fernando, é uma questão de sorte, dele, é claro...
Volto a bater pernas pelos corredores da Feicorte, e topo com muitas figuras amigas do agronegócio, primeiro com o engenheiro agrônomo Alcides de Moura Torres Jr., o Scot, depois com Carlão, da Publique, e logo adiante, no estande da Matsubara, com Marisa Rodrigues, da Activa, depois com Paulo Roque, agora na assessoria de imprensa da Publique, noutro corredor com Bruno Blecher, agora na Globo Rural, e adiante com Marli Coimbra, ex-Publique, agora trabalhando por conta própria em assessoria de comunicações. Desencontro com Sidnei Maschio, do DBO na TV, lá do TerraViva, POIS na véspera ele tinha autografado no estande da DBO seu livro de poesias e versinhos caipiras. Uma festa essa Feicorte.
Nas salas de palestras encontro Miguel Cavalcanti, da BeefPoint, testando um novo formato de palestras. Montou aquilo que apelidei jocosamente de "palestração precoce", ou seja, palestras de 5 minutos de apresentação e outros 5 de debates. Parece que funciona, muita gente gostou. Vamos ver se pega a novidade.
Entre a palestra de Miguel Cavalcanti e o livro do Dr. Rondó há pontos convergentes, e tem marketing de carnes vermelhas embutido. Como sabemos, marketing e propaganda é coisa muito séria, além de dispendiosa de se fazer. E sempre exige especialistas.
Tratei do marketing das carnes vermelhas em meu livro Marketing da Terra (Editora UFV, da Universidade Federal Viçosa, 2006), onde dediquei um capítulo inteiro sobre o debatido e pouco conhecido tema. O livro teve boa repercussão em vários dos outros tópicos abordados (soja, milho, trigo, frutas, hortaliças, cooperativismo, transgênicos etc.), mas foi pouca no capítulo sobre as carnes vermelhas. Eu imaginava que, dada a minha natural "agressividade" na abordagem, por vezes cheia de testosterona oriunda das carnes vermelhas, muita gente lia e não concordava com as minhas maluquices sugeridas, entre elas a de que o marketing das carnes vermelhas precisaria enfrentar o problema com coragem de gente grande.
Assim, no livro eu afirmava, sem apoio médico e sem referências na literatura ou de bibliografia científica, que carne vermelha faz mais bem do que mal, e fiquei achando que exagerara nas minhas afirmações...
Depois de alguns meses de o livro ter sido editado fiquei muito feliz e honrado por ver o capítulo em causa ser publicado no site do cardiologista gaúcho Rui Peixoto, vejam e leiam:
http://cardiologistaruipeixoto.com.br/2009/04/12/o-marketing-das-carnes-vermelhas/
A partir daí fiquei "cheio de prosa, metido e cheio de si", como dizia minha avó materna... Afinal, essa era a comprovação (científica, né não?) de que a medicina não apenas rendia-se ao marketing, mas ao bom senso. Era a prova final de que aquilo que eu havia sugerido tinha fundamento. Apenas fui, talvez, reconheço, um pouco açodado e quem sabe agressivo demais, aliás, essa é uma recomendação de prudência feita por Miguel Cavalcanti na sua palestra, e com a qual deve-se ter alguns cuidados, é claro. Brasileiro não gosta de propaganda comparativa, mas uma prática comum na Europa e EUA.
Para quem já leu o texto lá no site do Dr. Rui Peixoto é fácil entender, agora, as minhas críticas ao FDA (Food and Drug Administration), e se o visitante deste blog vier a ler o livro do Dr. Rondó, ele também médico e cardiologista, irá verificar que a estrada desse marketing começa a ser terraplaneada, ou, quem sabe, começa até a ser asfaltada, facilitando a caminhada do marketing em prol das carnes vermelhas.
Há que se derrubar, antes tarde do que nunca, os piores entraves ao maior consumo das carnes vermelhas, e que são os próprios médicos, embasados nas recomendações feitas pelo FDA. Com isto o mercado consumidor cresce.
Como curiosidade, comento aqui que o prefácio do livro Marketing da Terra foi do então ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Em 2005, depois de uma leitura dele nos originais do mesmo, recebi um recado através de seu assessor de comunicação, Ismar Cardona, meu amigo, já falecido, de que o ministro iria "abrir mão" de fazer o prefácio, pois havia temas exacerbadamente polêmicos colocados no livro, que poderiam deixar o ministério em "saia justa", entre eles as minhas críticas ao FDA, e também a sugestão aos produtores rurais de fazerem passeatas-protesto com carreata de tratores (sugestão abraçada por Rui Prado, então presidente da Famato, feita lá em Brasília, em 2006, semanas depois do lançamento do livro. E Roberto Rodrigues ainda era ministro do Lula...), além de outras opiniões e maluquices.
Sugeri então ao Ismar que o ministro colocasse, explicitamente, no fim do texto do prefácio, a observação de que havia discordâncias do ministro em relação a algumas opiniões do autor, mas que mesmo assim recomendava a leitura, já que ele havia concordado com outras opiniões. Com essa observação o prefácio saiu, e enriqueceu o conteúdo do livro.
Ao Miguel Cavalcanti e ao Dr. Wilson Rondó Jr., e aos meus amigos pecuaristas, esclareço que essa é a minha modesta contribuição ao marketing das carnes vermelhas. Que as pessoas consumam seu churrasquinho sem culpas e receios, só com os devidos prazeres.
É isso aí gente, sem medo de ser feliz, é pau e porrada no FDA, eles é que são os bandidos, nós somos os mocinhos, caramba!
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