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Scot Consultoria

Mudança e convicções


Terça-feira, 19 de julho de 2011 - 11h41

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Primeiro, um anúncio muito importante para nós que acompanhamos o mercado pecuário. A Câmara do Boi sugeriu a modificação da cotação do indicador dos preços da arroba, caro leitor, e a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros gentilmente acatou o pedido. Qual foi o pedido? A partir do ano que vem o Indicador Esalq/BVMF da arroba do boi gordo, esse indicador que usamos aqui no dia a dia e que baliza os preços dos contratos futuros na bolsa serão publicados livres do funrural. O que isso significa? Significa a partir de janeiro, o preço na bolsa será já muito mais próximo do que é o corriqueiro dos pecuaristas no dia a dia, pois não será mais necessário tirar do índice os 2,3% de impostos que incidiam sobre a arroba do boi. Se lembre de que você vendia boi até pouco tempo atrás “para descontar”? Hoje nenhum frigorífico usa mais isso. A partir do ano que vem também a bolsa não vai mais usar. Então, o indicador desta sexta-feira que vale R$99,49/@, à vista, se descontarmos o funrural ele passa a valer R$97,20/@. Este é o valor aproximado do que realmente a arroba do boi está sendo negociado em SP nessa sexta-feira? É isso aí. Sendo assim, os contratos futuros de 2012, quando forem negociados já estarão sendo negociados livres de impostos, certo? Isso é importante de se lembrar, pois para quem não souber disto, pode achar os preços de 2012 “errados” em relação aos preços atuais. Em minhas análises usaremos os dois... Até o final do ano. A partir de janeiro, somente usaremos o novo indicador, já sem impostos. Tendo isso em mente, observe o seguinte gráfico dos preços da arroba livres de impostos. Repare que a arroba voltou a subir nestas duas últimas semanas. Isso quer dizer o quê? Bom, do jeito que enxergo as coisas, significa que já temos que olhar para o retrovisor para enxergarmos o piso da arroba ao redor de 95 reais. Hoje ela vale entre 97-98 reais na praça de São Paulo. A barrigada dos preços na safra levou a arroba a romper abaixo de 100 reais. Sendo assim, se agora o cenário é um pouco mais otimista, seria de se pensar os preços voltando novamente nos 100 reais. Vamos olhar para o que a bolsa está indicando. Observe aqui abaixo a evolução dos contratos futuros até dezembro deste ano. Atualmente ela está indicando uma arroba ao redor de 99 reais até o final de julho. A partir de agosto o mercado aposta em uma arroba acima de 100 reais e vai subindo até o pico em outubro/novembro. Este pico em outubro representa nove reais a mais do que os 95 reais estabelecidos em junho. Isto representa uma alta de 9,5% da safra para a entressafra. É uma boa alta, porém ainda abaixo dos 27% de alta média histórica para a fase atual do ciclo pecuário. Vinte e sete por cento de alta significaria uma arroba ao redor de 120 reais. A arroba do bezerro também se encontra bem acima da arroba do boi. Atualmente ela está sendo cotada ao redor de 118 reais, depois de ter flutuado por bastante tempo entre 120-130 reais. Veja caro leitor, que os números acima são o que são — referências de picos e situações que já ocorreram no passado. Lembre-se disso. Não estou emitindo nenhum tipo de opinião e nenhum tipo de “achismo” quando escrevo essas coisas. São os indicadores técnicos do mercado que a gente acompanha e vimos serem corretos anteriormente. Junte essa informação dos preços da arroba com os preços no atacado, frango, escalas de abate e faça o seu cenário para a entressafra. Uns veem esses números e visualizam uma arroba ao redor dos preços atuais. Outros enxergam que ela só está começando a subir. Outros que a bolsa está barata. Não importa. O nosso trabalho aqui é ajudar nesse sentido de pensar para a entressafra e agir conforme nossas convicções, e não tentar tirar da cartola os números mágicos para a famosa pergunta: “Quanto vai estar a arroba em outubro?” Seguindo em frente, observe o movimento de estreitamento das bases no Brasil Central nessas últimas semanas. A base sai de –14% no final do ano passado para os –10% atuais. Os picos dos preços das entressafras dos últimos anos se situaram com um diferencial de base até um pouco melhor de onde estão agora. No passado os picos se situaram entre –7%~-9%, como você pode ver no próximo gráfico. Então, nos contratos a termo que estão sendo negociados em cima do Indicador da Bolsa, lembre-se de negociar os diferenciais de base. Elas são passíveis de negociação e, quanto menores, caminhando para 9% ou até mesmo 10%, melhor. Menos que isso, melhor ainda.
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