Na última semana foram divulgados os dados do desempenho do setor de fertilizantes referentes ao mês de junho, e consequentemente fechando o primeiro semestre do ano e que serão comentados adiante.
Mercado
Os dados acumulados mostraram que as entregas de fertilizantes atingiram um volume elevado de 11,17 milhões de toneladas e só foram inferiores ao volume do 1° semestre de 2008, apresentando um aumento de 29,5% sobre o ano anterior.
Cabe aqui um comentário a respeito de 2008: todos os mercados internacionais apresentavam uma espiral de alta e isso estimulava tanto o aumento do consumo de fertilizantes com vistas a aumentar a produção e atender a demanda do mercado de produtos agrícolas como também uma antecipação das compras de fertilizantes procurando garantir os preços, pois estes também seguiam a espiral de aumentos no mercado internacional, refletindo imediatamente no mercado interno.
O final do ano, devemos lembrar que foi desastroso a partir de setembro com o estouro da bolha financeira, encerrando o ano com consumo de fertilizantes abaixo do ano anterior e que somente veio a se recuperar em 2010, como pode ser visto nos dados da figura a seguir. Acrescente-se a isso os elevados prejuízos sofridos pelas empresas carregando estoques elevados e que se desvalorizaram e o passado deve ser olhado como uma forma de aprendizado.
Agora em 2011 nota-se de certa forma um movimento semelhante, com antecipação das compras e fuga dos aumentos seguidos dos fertilizantes. Os produtores mais preparados e organizados, principalmente de soja e algodão, perceberam tanto a boa oportunidade para a negociação da sua safra futura como a necessidade de antecipar a compra dos insumos para travar seus custos e ao mesmo tempo fugir dos maiores preços dos fertilizantes em nova onda de alta de preços.
Conforme análises do IMEA – MT, no início do mês, 82% do total de fertilizantes necessários para o próximo plantio do estado já haviam sido comprados (ante 65% no mesmo período de 2010). Parte destas compras ainda será entregue pela indústria e ainda não está incluída no volume da figura acima que se refere às entregas efetivadas dos produtos. Isso mostra que o produtor estava sintonizado com as tendências do mercado e antecipou suas compras e indicam que as entregas nos próximos meses ainda devem seguir um ritmo firme por conta destas compras antecipadas e ainda não entregues.
Isso não significa que o fechamento do ano terá a mesma intensidade demonstrada até agora, até porque o consumo total do ano refletirá outras variáveis como o aumento de área que é mais significativa para a soja e melhoria nas adubações de outras culturas como café e cana-de-açúcar, mas que ao mesmo tempo acaba sendo inibida pelos próprios aumentos de preços. Daí a previsão de um aumento para o total do ano ser de 5% sobre o ano anterior, com os meses do 4º trimestre com entregas menores de fertilizantes.
Nitrogênio
Apesar dos preços nos mercado dos EUA já terem despencado nos principais portos do sul nas vendas para os agricultores, o mercado internacional oferece uma certa resistência para acompanhar esta tendência, procurando manter os seus preços em patamares elevados, com quedas na oferta dos principais mercados da ordem de US$10 a 15,00/t. A demanda e o fechamento de novos embarques para os principais compradores do momento como Índia, Paquistão, Indonésia e outros países asiáticos é que vai definir o piso para os nitrogenados. Os outros nitrogenados seguem em linha com a ureia e devem acompanhar o mesmo movimento, como indicam os preços a seguir.
Ureia
Mar Negro FOB - em 7/7: US$468-472 FOB e em 14/7: US$450-470
Báltico FOB - em 7/7: US$468-472 e em 14/7: US$440-460
Brasil CIF - em 7/7: US$490-505 e em 14/7: US$480-490.
Nitrato de Amônia
Mar Negro FOB - em 7/7: US$350-355 e em 14/7: US$330-340
Báltico FOB - em 7/7: US$350-360 e em 14/7: US$340-350
Sulfato de Amônia
Mar Negro FOB - em 7/7: US$260-270 e em 14/7: US$248-252 (standard)
Báltico FOB - em 7/7: US$250-255 e em 14/7: US$245-250 (standard)
Fosfatados
Os preços continuam praticamente estáveis e ainda influenciados pela expectativa de consumo em países como a Índia e Paquistão. As importações de fosfatados pelo Brasil já ultrapassa 50% das necessidades deste ano e considerando a produção interna, a dependência de novos desembarques é de apenas 25% das necessidades. Boa parte deste volume adicional já está sendo adquirido e deve ser concretizado o seu desembarque nos próximos meses. Provavelmente não devemos oferecer grande pressão sobre o mercado internacional. A seguir o comparativo de preços para os principais produtos e polos fornecedores do Brasil.
MAP
Mar Báltico FOB - em 7/7: US$650-660 e em 14/7: US$670-690
Brasil CIF - em 7/7: US$695-710 e em 14/7: US$695-710
TSP
Tunísia FOB - em 7/7: US$565-570 e em 14/07: US$565-570
Marrocos FOB - em 7/7: US$590-595 e em 14/07: US$590-595
Potássio
Em seguida aos sucessivos aumentos, os preços agora estão se mantendo estáveis.
Isso dá tempo para os compradores respirarem e com mais oxigênio pensarem melhor o que fazer, principalmente assistindo a organizada ação de compras da China, garantindo com os grandes fornecedores volumes significativos a US$470,00 CIF, preços bem inferiores aos preços correntes atuais. No Brasil já desembarcou até junho 56% das necessidades de importações do ano e, considerando ainda os volumes comprados, que serão desembarcados, a necessidade de novas compras também é menor e deve ajudar a pressionar menos o mercado.
KCL
Brasil CIF - em 7/7: US$520-560 e em 14/7: US$520-560
Portos
Estimava-se um volume de fertilizantes acima de 1,5 milhão de toneladas em navios a espera de desembarque nos portos do Brasil, principalmente em Paranaguá, seguido de Santos. Os armazéns também estão cheios e dificultam as operações de descarga. Com isso, os custos com este atraso de desembarque (demurrage) equivale a um acréscimo de custos de US$11,00 a US$25,00 por tonelada, impactando os custos dos fertilizantes. A forte antecipação dos mercados, como comentado no início, ainda está favorecendo para que este quadro não seja pior, mas certamente as necessidades de melhorias em portos, logística e armazenagem são imprescindíveis para o futuro do país e da sua competitividade.
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