O Estado do Mato Grosso concentrou o maior volume de entregas no perodo analisado,
atingindo 2.290 mil toneladas de produtos, seguido do Paran com 1.613 mil toneladas e So Paulo com 1.549 mil toneladas.
A quantidade de fertilizantes j recebida no estado ainda no reflete a situao real pois, diversas informaes veiculadas do conta que os produtores se anteciparam nas compras para evitar os aumentos de preos indicados pelas tendncias do mercado e que mais de 80% das necessidades de fertilizantes do bestado j estavam contratadas.
Assim, podemos calcular, que havia no incio de julho aproximadamente mais 1.100 mil toneladas em pedidos junto aos fornecedores com entrega a efetuar.
Para o Brasil, os dados da ANDA revelam que as entregas de fertilizantes ao consumidor final encerraram o perodo janeiro-junho de 2011 com 11.171 mil toneladas em termos de produtos, alcanando crescimento de 29,5% em relao ao mesmo perodo de 2010, quando foram entregues 8.626 mil toneladas.
Este aumento sobre o mesmo perodo do ano passado indicam a mesma tendncia encontrada no MT de antecipao de compras para a prxima safra, contando ainda com um consumo maior no plantio de safrinha no sul, plantio de trigo, maior adubao em cana-de-acar e caf.
Importaes e mercado internacional
Assim como o consumidor se antecipou, as indstrias seguiram o mesmo caminho, tanto para cobrir as vendas efetuadas como tambm efetuar compras antes do prximo aumento, conforme pairava no ar a sinalizao dos preos que seriam praticados adiante.
De certa forma isso contribuiu positivamente para o abastecimento, sendo que mais da metade das necessidades de importaes j foram desembarcadas e ainda h um grande volume em desembarque e em trnsito.
Negativamente, a intensidade das compras j provocou o congestionamento dos portos, principalmente Paranagu e Santos e com isso grande quantidade de navios ficam a espera para descarregar, ocasionando custos para os importadores da ordem de US$ 11,00 a US$ 25,00/tonelada.
Os produtos
recebidos at o ms de Junho-2011 foram
adquiridos nos perodos
anteriores e ainda no esto refletindo os aumentos de preos ocorridos no mercado internacional, nem mesmo para a Uria que aps atingir o seu pico de preos no final de junho e deu sinais de queda para os novos negcios.
Os maiores aumentos foram percebidos nos fosfatados de alta concentrao como Superfosafto Triplo (STP) que passou de US$486,52 para US$493,55, MAP que passou de US$631,82 para US$649,50 e cloreto de potssio, de US$422,76 para US$440,46.
Ainda assim, estes valores esto longe de refletir os preos para os novos contratos e que colocam os produtos nos valores FOB nas principais localidades de embarques nos seguintes patamares: Uria: US$470,00, STP US$580,00, MAP US$670,00 e KCl a US$540,00 ficando evidente portanto, que os preos ainda subiro no mercado interno com o desembarque de novas compras no mercado internacional.
Os valores dos produtos desembarcados no impedem que os preos praticados no mercado atinjam valores equivalentes aos das novas compras, pois as empresas procuram posicionar suas vendas considerando o custo de reposio para os produtos e portanto, os preos se situaro nos novos patamares do mercado internacional, somando-se ainda o custo do frete martimo, despesas porturias, impostos quando couber, fretes internos e margem comercial.
Relaes de troca
A comparao dos preos relativos de soja e fertilizantes indicam claramente que a alta dos preos dos fertilizantes no foi acompanhada pela soja.
Nota-se assim que desde o comeo do ano, a soja j perdeu grande capacidade de compra pois a paridade de preos com o superfosfato triplo que em janeiro-2011 era de 0,98 passou para 1,40. A medida que se consolidar o aumento de preos no desembarque dos produtos, a perda de capacidade de compra da soja vai diminuir ainda mais devido aos seus preos praticamente estveis.
Com relao ao Cloreto de Potssio, a perda j foi de 1,05 para 1,30 e tambm vai piorar pois os preos do produto nas novas compras se situam em patamar muito maior que aqueles j desembarcados.
Claro que estas perdas esto longe do colapso na paridade ocorrida em 2008, como mostram os grficos e que, obviamente, ocasionou um recuo sem precedentes no consumo de nutrientes, principalmente de potssio e esperamos que o bom senso mantenha esta relao dentro de um patamar aceitvel. Mas bom senso difcil para um mercado que tem se comportado como um bfalo selvagem!
Na relao de troca direta Soja-Fertilizante, pode ser notado que o mercado j pratica preos
equivalentes ao
custo de reposio + margem como mostram as tabelas a seguir. Por isso, quem ainda no comprou o fertilizante vai ter que se contentar em conseguir produto dentro do pior cenrio at o momento, isto : pagar preo equivalente ao mercado internacional atual.
Nota-se na comparao das duas tabelas que as relaes de trocas esto muito semelhantes, indicando que as vendas de fertilizantes j esto alinhadas com os custos de reposio e at mesmo com alguma margem acima da mdia, demonstrando desde j uma busca por maior lucratividade nas vendas.
Obter preos menores vai depender da capacidade de negociao do comprador mas claro, no deve deixar de lado as exigncias de qualidade e confiabilidade necessria para a aquisio dos insumos.
Fatos e dados
A dependncia de importaes e os novos investimentos para a produo de fertilizantes no Brasil
evidente a forte dependncia do Brasil com relao a importao de fertilizantes para atender uma demanda crescente e necessria de fertilizantes. Muito mais sob o ponto de vista estratgico e de segurana de abastecimento, a realidade demonstra uma forte dependncia de fornecedores internacionais sob diferentes riscos como o oligoplio dos mercados ou a insegurana de abastecimento.
Os movimentos para que o Brasil aumentasse a disponibilidade de fertilizantes foram grandes, com ameaas de estatizao, reformulao do cdigo mineral, elaborao de um plano nacional de fertilizantes entre outras.
Mas a situao continuar igual por um bom tempo: a dependncia do fornecimento. Isso porque as decises de investimento necessitam de tempo para se concretizarem, viabilizando recursos financeiros ou aprovao dos planos de investimentos, projetos, licenas, entre outros obstculos.
A seguir fazemos uma breve anlise dos principais eventos programados para o aumento de produo, baseado em recente apresentao no 1. Congresso Brasileiro de Fertilizantes, ocorrido em 12/07/2011 em So Paulo e informaes de diversas empresas sobre os seus planos de negcios em andamento.
Nitrognio
Os critrios para avaliar a dependncia de importaes podem ser diferentes e discutveis, chegando-se a valores diferentes dependendo do mtodo utilizado e do ano analisado. Aqui vamos considerar os dados do ano de 2010, onde para um consumo de 2,85 milhes de toneladas de nitrognio, foram importadas 2,41 milhes de toneladas, considerando a entrada de fertilizantes e matrias-primas bsicas como amnia e assim, mesmo considerando as exportaes que continham 45,5 mil toneladas de N, chega-se ao resultado em que 83% do Nitrognio foi importado.
A produo de fertilizantes nitrogenados est fortemente atrelada grande disponibilidade e
custos baixos de obteno de gs e assim os grandes investimentos de produo tem sido feitos por pases com grandes reservas e aqui no Brasil, os novos investimentos previstos para o aumento da capacidade de produo esto ligados Petrobrs:
2011, Agosto Candeias, BA: 100.000 t de Sulfato de Amnio, Petrobrs
2013, Janeiro Laranjeiras, SE: 303.000 t de Sulfato de Amnio, Petrobrs
2014, Setembro Trs Lagoas, MS: 1.210.000 t de Uria e 81.000 t de Amnia, Petrobrs
2014, Dezembro Uberaba, MG: 519.000 t de Amnia, Petrobrs
2015, Dezembro Linhares, ES: 665.000 t de Uria, Petrobrs
A Vale Fertilizantes ainda anuncia para 2013 a ampliao da sua produo de cido Ntrico em Cubato mas sem uma definio da sua partio para a produo de fertilizantes nitrogenados.
Esta expanso da oferta de Nitrognio corresponde a cerca de 1.500 mil toneladas e representa um aumento de 3 vezes na quantidade produzida atualmente. Entretanto, considerando a projeo de consumo para o ano de 2016 e a perda de parte da produo de Uria para a fabricao de ARLA (um aditivo para reduzir a poluio dos motores diesel), a produo que ser alcanada responder por cerca de 55% do consumo. A dependncia continuar alta.
Outros esforos devem ser feitos, devendo ser destacado o potencial de aproveitamento regional de resduos orgnicos, onde somente a cama de aves e os dejetos de sunos podem contribuir com 27% das necessidades de nitrognio. Ao produtor, cabe seu esforo para o uso correto e com a maior eficincia dos fertilizantes.
Fsforo
No ano de 2010, o consumo foi de 3,38 milhes de toneladas de fsforo (em P2O5) sendo importado 1,91 milhes de toneladas, considerando fertilizantes e fosfatos para industrializar ou uso direto. Foram exportadas 147,4 mil toneladas de P2O5 e assim, o resultado que 54% do consumo aparente de fsforo foi importado.
Os novos investimentos nesta rea esto atreladas com a ampliao ou desenvolvimento em novos locais de explorao de fosfatos, descritos a seguir:
2011 Uberaba, MG: MAP e Superfosfato Triplo, equivale a 215.000 t de P2O5, Vale
2012 Arraias, TO: 500.000 t de Superfosfato Simples, MBAC (fase 1)
2014 Patrocnio: Superfosfato Triplo e Simples, equivale a 160.000 t P2O5, Galvani
2014 Patrocnio: MAP, Superfosfato Triplo e Simples, equivale a 560.000 t P2O5, Vale
2015 Arrais, TO: 500.000 t de Superfosfato Simples, MBAC (fase 2)
2015 Santa Quitria CE: MAP, equivale a 240.000 t de P2O5, Galvani
Esses investimentos proporcionaro um acrscimo de oferta de 1,375 milhes de toneladas de P2O5. e considerando-se a projeo de consumo para 2016, a produo ser capaz de atender cerca de 76% da demanda de fsforo do pas. Como a expanso de produo concretiza-se no nordeste e centro, as regies sul e norte sero atendidas por importaes devido a melhores condies logsticas para atingir os mercados regionais.
Ainda existem outras oportunidades em estudo para a ampliao da produo de fertilizantes fosfatados e que podem contribuir para reduzir a dependncia e concretizao de novos projetos certamente ser influenciada pelas condies de preos elevados dos fertilizantes como atualmente.
Outros novos projetos que podem ser citados so a ampliao da Copebrs em Catalo e ainda novos empreendimentos de empresas que esto investindo na rea como MBAC (Arax-MG, Santana-PA, Carmo-MG) e guia (Lucena-PB, Mata da Corda-MG, Trs Estradas-RS, Joca Tavares-RS). Com boas condies para a remunerao de investimentos possvel que outras cartas na manga de algumas empresas apaream na mesa do jogo.
Potssio
A situao com relao ao potssio a mais complicada. A dependncia externa muito grande sendo nos ltimos anos perto de 90% e se agrava ainda mais com a produo mundial restrita a poucos pases e dominado por grandes empresas.
E isso tambm tem incomodado os grandes consumidores como a China que, pelo menos, tem investido no aumento da produo interna e tambm na participao de empresas fora do pas e assim, apesar de ser o maior consumidor do mundo a dependncia j menor sendo a grosso modo fatiada em 3 partes entre a produo interna, produo externa e importaes.
A ndia que outro grande consumidor tambm tem lutado com os grandes fornecedores em tentativas de conseguir neutralizar os aumentos do cloreto de potssio e mesmo ameaando ficar sem adquirir o produto este ano, no tem conseguido com os grandes fornecedores sequer as mesmas condies que a China.
No Brasil, a nica produo de potssio feita pela Vale em Laranjeiras-SE, em mdia 670 mil toneladas/ano de cloreto de potssio e responde por cerca de 10% do consumo mas tem prazo de explorao at 2017.
A empresa tem um novo projeto anunciado para a minerao de carnalita em Rosrio do Catete SE, para produo anual de 1,2 milhes de toneladas de cloreto de potssio com incio de produo em 2015. A concesso da explorao destas jazidas feita pela Petrobrs e em funo dos termos dos acordos em andamento pelas empresas, existe uma expectativa de que a produo nestes locais poder ser aumentada para 2,4 milhes de toneladas.
Ainda assim, ao ser projetado o consumo para 2016, esta produo seria menor que 30% do consumo e a dependncia de importaes continuaria elevada.
A grande incgnita a viabilidade de explorao de recursos de potssio indicados na Amaznia, exigindo soluo tcnica e ambiental adequada (e talvez ainda a ser desenvolvida) para a sua explorao.
Diante dos patamares de preos alcanados pelo cloreto de potssio e as expectativas de demanda para atender as necessidades de aumento da produo agrcola, at podemos esperar por uma soluo desta explorao e para a qual a Petrobrs est pretendendo fornecer os direitos de explorao.
Outras contribuies para o fornecimento de potssio podem ser esperadas como ampliar a
utilizao da vinhaa que atualmente efetuada em superdosagem somente em parte da rea plantada com cana-de-acar, pelo uso j citado de resduos agroindustriais e atravs de fontes no convencionais de fornecimento de potssio como os projetos da Vale Verde (termopotssio de verdete) e da Curimbaba (fonolito).
Certamente a oferta adicional limitada e prejudicada pelos altos custos de transporte que incidiro fortemente na competitividade destas fontes, principalmente porque so relativamente pouco concentradas e dependendo do local a ser alcanado, somente o custo do frete poder ser maior que o custo da fonte tradicional como o cloreto de potssio.
De qualquer forma, so fontes que precisaro ser avaliadas tcnica e economicamente para o seu uso correto e eficiente. Outras empresas ainda estudam a explorao de outros minerais ricos em potssio e vrias possibilidades de explorao tem sido pesquisadas no Brasil, principalmente por empresas chamadas de
junior companies e que realizam pesquisas e desenvolvimento para novos projetos, inclusive em pesquisas localizadas na rea martima.
Resta apenas torcer para o sucesso destas iniciativas.
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