O movimento ambientalista passou os últimos 30 anos assegurando à sociedade que tínhamos uma das mais modernas leis ambientais do mundo e que só faltava aplicá-la. Baseados nesse dogma, os ambientalistas pressionaram o Estado brasileiro a aumentar a cobrança das leis ambientais.
O Ministério do Meio Ambiente, primeiro sob a batuta de Marina Silva e depois sob o comando de Carlos Minc, soltou o Ibama, escoltado pela Força Nacional de Segurança, no encalço de quem não cumpria o Código Florestal vigente. Desabaram a perseguir, processar, multar e expor publicamente quem não cumpria a lei.
O arroubo coercitivo do Estado, premido pelo movimento ambientalista, armou uma bomba-relógio no campo. Os agentes do governo nunca foram gentis. Produtores e trabalhadores rurais foram abordados como se aborda um traficante, com truculência, armas em punho, sirenes ligadas, apoio aéreo. Dia após dia, as operações do Ibama criaram no campo uma população marginal de brasileiros, sem crédito rural, multados, com colheitas embargadas, máquinas apreendidas, expulsos de suas terras.
Ocorre que a lei era ruim. Causava distorções, retroagia. Era, sob certos aspectos, injusta. Muitos simplesmente não tinham como cumpri-la. A aprovação do relatório de Aldo Rebelo é uma mostra de que o movimento ambiental e o governo estavam errados sobre a natureza das nossas leis ambientais. Por que a lei, tida como das mais avançadas, precisou ser subvertida para poder ser aplicada? A sociedade urbana deu salvo conduto aos verdes e ao Estado para oprimirem o setor rural brasileiro em nome da preservação do meio ambiente? O movimento ambiental deve explicações ao povo brasileiro. Os cidadãos brasileiros deveriam cobrar essa fatura.
Publicado originalmente no
jornal Diário de São Paulo.
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