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Scot Consultoria

O medo e a tecnologia na agricultura


Terça-feira, 13 de dezembro de 2011 - 10h41

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).


No primeiro semestre deste ano, um grupo do Greenpeace destruiu um campo de experimentos que testava uma variedade de trigo geneticamente modificado para melhorar seu conteúdo nutricional (no caso, redução de carboidratos solúveis e aumento da fibra) na Austrália. Mas este incidente vai além de apenas uma reação extrema de ambientalistas. Estes pensamentos são comuns entre muitos grupos que visionam uma utopia em alimentar sete bilhões de pessoas sem impactos ao ambiente. A Comissão Européia, em 2010, sumarizou resultados de uma década de pesquisas financiadas pelo governo avaliando riscos ambientais e para a saúde advindos das plantações geneticamente modificadas. Os resultados são similares aos encontrados no sumário de 2001. Após 25 anos de pesquisas e mais de US$400 milhões gastos pelos países europeus mais preocupados com os impactos desta tecnologia, não foram encontradas bases para os receios de milhões de pessoas, na Europa ou em qualquer outro lugar do mundo. A conclusão principal é que a biotecnologia, particularmente os organismos geneticamente modificados, não é mais arriscada do que as tecnologias convencionais. O que não significa que a tecnologia seja totalmente segura. Provar que os OGM são seguros não é uma tarefa fácil. A ciência pode certificar a existência do perigo, mas não a ausência dele. Após 25 anos de pesquisas sem evidência de perigo, aproxima-se o momento em que as pessoas terão que balancear as vantagens e desvantagens desta tecnologia com base na avaliação científica dos riscos. Ainda que após 25 anos, a Europa, totalmente aversa a riscos, não tenha encontrado nenhuma evidencia cientifica de perigo, ao ambiente ou à saúde, causado pelos OGM, ativistas ambientais estão intensificando as manifestações anti-tecnologia, às vezes de forma violenta e invasiva. A genética, agricultura intensiva, produção orgânica, rotação de culturas, melhor treinamento nas propriedades, fertilização e irrigação precisas, controle do desperdício e consumo racional de alimentos terão um papel fundamental nas próximas décadas. Com relação à situação da utilização de organismos geneticamente modificados na agricultura do Brasil, de acordo com o relatório do ISAAA (The International Service for the Acquisition of Agribiotech Applications), divulgado em fevereiro deste ano, o Brasil plantou 21,4 milhões de hectares com culturas geneticamente modificadas e se tornou o segundo maior produtor de transgênicos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, em um universo de 25 países produtores. Ainda segundo a ISAAA, a soja, o milho e o algodão lideram a adoção da transgenia na agricultura mundial. De acordo com a recente edição do Relatório Global sobre o Uso de Sementes Geneticamente Modificadas, referente ao período 1996-2009 e elaborada pela consultoria britânica PG Economics, a biotecnologia tem grande contribuição para a segurança alimentar e para a produção global de alimentos. O relatório mostra que o uso de sementes GM propiciou um aumento na renda dos produtores, favoreceu a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, devido à redução do uso de máquinas agrícolas movidas a diesel nas pulverizações das lavouras. Mas não são apenas esses gases os vilões do meio ambiente, o uso de defensivos agrícolas causa danos, sendo assim, os transgênicos contribuíram expressivamente para a redução do seu uso, que no período considerado no estudo, ficou em torno de 393 toneladas. A adoção dos transgênicos promove outras vantagens, como o aumento da produção em uma menor área e a redução dos efeitos nocivos ao meio ambiente, que são normalmente desencadeados pelas práticas agrícolas. A maior contribuição da biotecnologia, nesse caso, foi a possibilidade de aumento da produtividade em uma área reduzida, o que significa que sem o uso das sementes transgênicas, áreas maiores para o cultivo teriam sido necessárias. Diversos estudos vêm demonstrando, na prática e com dados concretos, as diversas vantagens econômicas, sociais e ambientais que a adoção das culturas transgênicas proporciona. Fonte: Jornal The New York Times. Por Andrew C. Revkin. 22 de julho de 2011. Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, zootecnista e analista júnior da Scot Consultoria.
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