Entre 2001 e 2010, o produto interno bruto do BRIC, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia e China, cresceu muito além do que economistas achavam possível. Além disso, a renda de seus cidadãos aumentou consideravelmente, de forma a retirar milhões da pobreza. O PIB
per capita, melhor indicador de renda individual, triplicou.
A China começou a década como a maior dentro do BRIC e assim permanece. O Brasil é o segundo maior, pelo menos em termos monetários. O país se tornou a sétima economia do mundo em 2010, com PIB de US$2,1 trilhões, ultrapassando a Itália, então sétima colocada.
Entre as principais condicionantes do elevado PIB do BRIC estão as altas taxas de investimento, maior abertura comercial, política de estímulos às exportações, à atração de investimentos externos, a manutenção de um regime cambial rígido (no caso da China) favorável ao desempenho do setor externo e os investimentos em capital humano.
Alguns analistas não imaginavam que o Brasil poderia crescer tanto tão rápido. Não se considerava que o país fosse atingir este estágio antes de 2020. Índia e Rússia ultrapassaram previsões de crescimento do PIB nominal e real.
Quando os números são analisados sob a perspectiva da demanda e desconsiderando as exportações, então uma figura ainda mais forte do BRIC aparece, o consumo interno O consumo doméstico destes países foi significante. Dados do governo chinês indicam que o consumo pessoal cresceu US$1.5 trilhões entre 2001 e 2011, o equivalente ao PIB do Reino Unido. A China não é mais apenas um país com mão de obra barata. Os chineses estão rapidamente ascendendo socialmente e gastando mais.
Quando considerado o PIB per capita (a riqueza gerada pelo país dividida pelo número de habitantes), o Brasil fica em segundo lugar entre os membros do BRIC. O PIB per capita brasileiro é de US$10,9 mil. É a primeira vez que o Brasil ultrapassa US$10 mil de PIB per capita. Em primeiro lugar vem a Rússia, com US$15,9 mil. A China aparece em quarto, com US$7,4 mil e em último vem a Índia, com US$3,4 mil. As populações destes países possuem cada vez maior poder de compra.
O papel do BRIC no comércio mundial está crescendo rápido. O comércio dentro do BRIC se acelerou, principalmente com o Brasil e a Rússia suprindo as demandas chinesas e indianas por
commodities. O BRIC, principalmente Brasil e China, se tornaram poderosos imãs para o investimento direto estrangeiro.
Ainda que o desempenho destes países esteja acima da média mundial, a crise que se aproxima afeta negativamente todo o mundo, incluindo o BRIC. Brasil e Rússia, produtores de commodities, podem sofrer mais dentro do grupo.
Além da crise internacional, a inflação na China, 5,5% no acumulado de janeiro a novembro, está longe da meta de 4% estabelecida pelo governo. A inflação dos alimentos, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor, foi mais acentuada em novembro, chegando a 8,8%. Estas tendências costumam levar a uma sensível redução do consumo, o que pode prejudicar países que exportam para a China, como o Brasil.
Ao longo dos últimos anos, devido ao sucesso do BRIC, não é surpresa que muitos outros países tentarão seguir o caminho aberto pelo grupo. A companhia Goldman Sachs desenvolveu uma lista com onze possíveis países, chamados de “Os Próximos Onze”, ou N11. São eles: Bangladesh, Coréia do Sul, Egito, Filipinas, Indonésia, Irã, México, Nigéria, Paquistão, Turquia e Vietnã.
O conceito N11 tem sido um importante instrumento de trabalho utilizado por investidores e responsáveis por políticas globais para interpretar as mudanças na economia mundial. No começo de 2011, alguns analistas questionaram que a utilização do termo “emergente” não devia mais se aplicar ao grupo BRIC ou a Indonésia, Coréia do Sul, México e Turquia, países integrantes do N11. Agora, estes são países com dívidas públicas sustentáveis, uma rede de comércio robusta e um grande número de cidadãos em ascenção social.
Para que os investidores possam entender a escala de oportunidades no BRIC e para que os formuladores de políticas compreendam o que está mudando no mundo, eles devem observar estes países em separado dos mercados emergentes tradicionais. Um termo mais acurado para eles talvez seja “mercados de crescimento”.
Fonte: Extraído de
The Growth Map Economic Opportunity in the BRICs and Beyond. Por Jim Oneil. 12 de dezembro de 2011.
Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, zootecnista e analista júnior da Scot Consultoria.
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