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Scot Consultoria

Cadê o consumo interno?


Segunda-feira, 19 de dezembro de 2011 - 12h10

Médico veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos


A pergunta título deste texto deve ser a que mais tem sido feita por quem tem alguma ligação com o mercado pecuário no Brasil. Com a massa salarial nas máximas históricas e a expectativa da maior disponibilidade de dinheiro na economia pela entrada do 13º salário, a expectativa quanto à venda de carne no mercado interno era a melhor possível. Neste cenário alguns participantes optaram por trabalhar com estoques acima da média para tentar se beneficiar do aumento do consumo esperado para a data. Acontece que em dezembro o consumo não mostrou nenhum sinal de aquecimento, com o traseiro recuando 2,0%, o dianteiro 3,0% e a ponta de agulha 2,0% desde o início do mês. Mais do que o recuo de preços em si, a maior reclamação das indústrias é com o volume de negócios que mesmo a preços mais baixos tem deixado a desejar, o que dificulta a situação de quem tem estoques altos, e por consequência diminui o apetite da indústria pela compra de boi gordo. É bem verdade que o diferencial entre o Índice ESALQ à vista e o boi equivalente divulgado pelo Cepea ainda está abaixo da média anual (3,3% contra 6,5% da média do ano), indicando que, atualmente, a margem da indústria está melhor que a média, porém dado o cenário de demanda fraca, mesmo a pouca oferta existente é suficiente para pressionar as cotações do boi gordo. A queda do Indicador ESALQ à vista em dezembro acompanhou a carne, cedendo 2,9% (R$104,60/@ para R$101,55/@) e a situação confortável das escalas até o momento não permite antever maiores dificuldades de compra até o fim do ano. Comparando os preços da carne e do boi com a mesma data de 2010, o boi cedeu 3,9% (R$105,12/@ para R$101,55/@), a carne calculada pelo boi equivalente subiu 1,2% (R$96,67/@ para R$97,83/@) proporcionando uma melhora significativa na margem das indústrias. Todo este pessimismo aliado à crise na Europa ainda sem nenhuma solução palpável fez os preços futuros caírem muito, com o dezembro fazendo a mínima do contrato em R$99,75/@, à vista, (R$97,50/@, livre de imposto) e janeiro/12 na mínima em R$95,40/@ precificando uma queda de 5,0% frente a janeiro/11 na comparação com valores livres de funrural e pouco acima do pior preço de 2010. Tanto pessimismo encontra justificativa na expectativa negativa quanto à demanda do mercado interno. Janeiro é tradicionalmente o pior mês de venda de carne. Porém, o contraponto disso é que a capacidade de reter os estoques por parte do produtor também é maior, com melhor suporte das pastagens.
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