Durante a maior parte do século 20, os preços reduzidos dos recursos naturais, como energia, alimentos, água e outros davam suporte ao crescimento da economia. Mas esta era está no fim.
Enquanto a situação dos recursos naturais muda, se questiona se uma era de preços altos e crescentes riscos econômicos, sociais e ambientais está perto de acontecer. Os desafios nos próximos 20 anos, serão diferentes dos enfrentados no passado.
O desenvolvimento acelerado de países emergentes, especialmente China e Índia, pode resultar em mais de três bilhões de novos consumidores compondo a classe média nos próximos 20 anos. Os novos consumidores estão modificando seus hábitos alimentares. O consumo de carnes na China, que já está aumentando, pode chegar a 75 quilos por habitante ao ano.
Além do desenvolvimento demográfico e econômico desses dois populosos países asiáticos, deve-se considerar também os outros países em crescente expansão, como Brasil, Russia e México, entre outros. Observa-se que a demanda mundial por carne está em crescimento. Desta forma, o consumo no mundo crescerá 1,5% ao ano nos próximos 10 anos, segundo projeções da FAO.
A nova classe média demandará também expansões e reestruturações no meio urbano, principalmente nas economias em desenvolvimento. A demanda está se elevando ao passo que encontrar novas fontes de recursos e extraí-los está se tornando desafiador e caro. Entretanto, a iminência da escassez de recursos pode ser um catalisador efetivo para a inovação e criação de novas tecnologias.
Projetos envolvendo petróleo atualmente são menores do que no passado, e mais caros. A média de custo por poço de petróleo dobrou ao longo da década. A urbanização, que segue numa escala sem precedentes pode desapropriar terras agricultáveis numa velocidade maior.
Os recursos naturais estão conectados. A falta de um ou alteração no seu preço pode rapidamente impactar no preço de outro recurso natural, e consequentemente na sua disponibilidade. A correlação entre os preços dos recursos naturais é agora bastante perceptível.
Neste contexto, a alta de preços da gasolina, em geral, ocorre quando o mercado mundial de petróleo diminui os estoques ou a demanda pelo produto aumenta consideravelmente. Qualquer acontecimento que afete alguma parte do processo, desde a extração até o refino do petróleo e o fornecimento da gasolina vai resultar em uma mudança no preço da gasolina.
Os conflitos militares e sociais em países que são grandes produtores de petróleo podem dificultar às companhias petrolíferas extrair e processar o petróleo. Desta forma, com o preço maior da gasolina, ocorrerá procura por um combustível alternativo mais barato, no caso brasileiro o etanol, cuja demanda aumentará e, dependendo das condições da safra de cana (se houve redução na produtividade devido à seca, por exemplo) e dos estoques do produto, os preços do etanol poderão aumentar e a disponibilidade será alterada.
Devido às reduções dos lençóis freáticos, está aumentando o uso de processos de dessalinização e grandes projetos de transferência de água, como da região sul para a região norte da China, que enfrenta secas severas anualmente.
Os fatores ambientais também constritam a produção. O aumento na erosão do solo, a excessiva extração de água das reservas subterrâneas, a acidificação dos oceanos, os desmatamentos e as conseqüências das mudanças climáticas estão criando reduções freqüentes nas fontes de recursos naturais, consequentemente na produção e na atividade econômica de forma geral.
Um estudo recente do Grupo de Trabalho da Economia de Adaptação ao Clima indica que regiões estão em risco de perder 1 a 12% de seu Produto Interno Bruto anualmente como resultado dos padrões atuais do clima.
Mercados mais restritos, preços crescentes e o aumento da demanda por recursos naturais podem diminuir o ritmo do crescimento econômico, alterar o bem estar dos cidadãos (principalmente aqueles com baixa renda), apertar as finanças públicas e aumentar as tensões geopolíticas.
Fonte: Revolução dos recursos naturais - atendendo à demanda mundial por energia, alimentos, materiais e água. Por McKinsey Global Institute. Novembro de 2011.
Traduzido, adaptado e comentado por Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria.