O ano de 2011 começou com uma expectativa nada boa em termos de mercado futuro, com o menor número de contratos em aberto em mais de cinco anos e uma precificação bastante pessimista para todos os vencimentos do ano, com out/11 negociado ao redor de R$97,00/@, porém ainda com volume de negócios bastante pequeno.
No início do ano o mercado ainda “digeria” a alta vertiginosa do final de 2010 e parecia não acreditar que esse patamar de preços se manteria na safra, precificando mês após mês quedas de até 5 reais, que não se concretizavam, fazendo a alegria dos “compradores de deságio” que tiveram ótimos resultados apostando contra esta precificação tão pessimista.
O retrato mais fiel desse pessimismo foi a evolução do spread maio x outubro, que representa o ágio esperado pelo mercado para a entressafra. Conforme observado na tabela 1, quando comparamos os parâmetros de mínima, média e máxima com anos recentes, 2011 foi o campeão de pessimismo em todos os aspectos, sendo liquidado com o vencimento do contrato de maio em apenas 2,54%. De longe o menor carrego esperado da história.
A precificação pessimista para o ano acabou se concretizando na entressafra, que acabou ficando na média do ano abaixo da safra (R$101,10/@ x R$102,37/@), numa situação bastante incomum para os padrões históricos do mercado do boi. Outra característica marcante de 2011, que mostra mais uma vez a precificação pessimista do mercado, foram os picos de preços extremamente efêmeros.
No contrato de out/11 foram exatamente três picos acima de R$107,00/@ entre 15 e 23/02, 20 e 27/04 e 21 e 30/07. Ou seja, existiram apenas três oportunidades ao longo do ano para se fixar vendas para outubro acima do que foi a máxima da safra.
A entressafra caminhava para o seu final sem ter tido nenhum stress mais forte de alta, com direito a um mês de outubro inteiro sem praticamente nenhuma variação no mercado físico quando o final dos confinamentos quebrou o marasmo e trouxe o primeiro e único stress de alta, com o Índice ESALQ à vista saindo de ao redor de R$100,50/@, para bater na máxima da entressafra e do ano a R$109,60/@ em 21/11 num movimento de 20 dias, com o mercado futuro acompanhando a alta. Esta foi a última boa oportunidade de 2011 para fixação de preços para novembro e dezembro.
No final do ano, o que decepcionou foi o mercado interno, já que grande parte dos participantes esperava um consumo condizente com aumento da massa salarial reportado para o período.
Aumento esse que não ocorreu e deixou as indústrias que trabalhavam com estoques acima da média com dificuldades de escoamento e colocando pressão no mercado.
Essa pressão aliada a uma maior oferta de animais de pasto, sobretudo no Mato Grosso do Sul, vem dando o tom baixista para o final do ano, impactando também a precificação para 2012, que atualmente está com a curva inteira a preços abaixo dos registrados em 2011.
Logicamente, o desdobramento da crise na Europa terá papel importante na evolução da economia global e dos preços de todas as commodities em 2012. Por isso, de antemão, é possível afirmar que teremos um ano bastante desafiador para a pecuária e que a gestão do risco de preços será fundamental para a atividade.
A consolidação do mercado de opções como alternativa viável e acessível a qualquer pecuarista é a boa notícia de 2011 e terá papel ainda mais importante em 2012.